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Terapia da Liberdade: Serviço de Residências Terapêuticas completa 11 anos e acolhe pacientes femininas

Referência no país, programa do Núcleo Estadual de Saúde Mental promove a integração de 125 ex-pacientes de hospitais psiquiátricos com a população do município de Carmo

unnamedCom o processo de reformulação da atenção à saúde mental, há 11 anos, o Núcleo Estadual de Saúde Mental, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), implantou no município de Carmo, na Região Serrana, o Serviço de Residências Terapêuticas, substituindo o modelo de internação em hospitais psiquiátricos por uma rede de atenção psicossocial. Desde o início de agosto, duas ex-internas integram o grupo de 125 moradores – oriundos de hospitais psiquiátricos com longas internações, alocados em 21 casas pela cidade. Assim, são acolhidos como moradores do município, e fazem de Carmo uma cidade referência para a saúde mental no país.

– A Secretaria de Estado de Saúde tem o compromisso de reinserir na sociedade os antigos pacientes psiquiátricos, que passaram anos internados em manicômios, e as Residências Terapêuticas permitem isso através do convívio social e de uma estrutura consistente da rede de atenção psicossocial. O serviço é reconhecido como modelo de sucesso e avança uma etapa com a chegada de duas moradoras. É uma conquista que brinda os 11 anos das Residências Terapêuticas em Carmo – ressaltou o secretário de Estado de Saúde, Felipe Peixoto.

Maria da Glória Geraldo, de 80 anos, está morando na residência terapêutica há poucos dias. Ela e Elza Juki chegaram no início de agosto no programa. Com um histórico de longo período de internação em uma unidade psiquiátrica, Maria da Glória destacou que se sente bem morando em uma casa com outros moradores.

– Gosto de ajudar nas tarefas da casa, lavar a louça e assistir televisão. Participei de uma festa aqui na cidade estes dias e me senti muito feliz – contou Maria da Glória, que tem interagido bem com a nova rotina.

O sucesso do programa em Carmo despertou a atenção da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O coordenador geral de Direitos Humanos e Saúde Mental, Lúcio Costa, visitou o Serviço de Residências Terapêuticas, e avaliou que o programa no Rio de Janeiro se destaca no país.

– Nunca presenciei um envolvimento e investimento tão efetivo na atenção psiquiátrica como o da Secretaria de Estado de Saúde, em Carmo. A formatação do Serviço de Residências Terapêuticas no estado do Rio de Janeiro é diferencial, um exemplo a ser seguido pelos outros estados, na rede de atenção psicossocial – ressaltou Lúcio Costa.

Carmo abriga o Serviço de Residências Terapêuticas da SES por ser o município onde existia o Hospital Estadual Teixeira Brandão, fechado há 10 anos após concluir o processo de inserção de seus pacientes, com o retorno à suas famílias e/ou nas residências terapêuticas. Por ideia de um dos moradores, as casas têm nomes de pássaros, fazendo menção à liberdade que foi devolvida a eles.

– A ideia das Residências Terapêuticas é justamente devolver a liberdade de escolha, por isso, chamamos de “Terapia da Liberdade”. Estes moradores ficaram em média 30 anos internados em unidades psiquiátricas, privados de seus direitos. A partir deste programa, eles podem circular pela cidade, e são respeitados por suas individualidades. E aqui é o exemplo de que é possível conviver em sociedade – ressaltou o diretor do Núcleo Estadual de Saúde Mental, Rodrigo Japur.

Serviço de Residências Terapêuticas – O programa de Residências Terapêuticas é nacional, previsto pelo Ministério da Saúde, e tem como função principal a reinserção de pacientes psiquiátricos em casas, com a proposta de convívio social. No Estado do Rio de Janeiro, Carmo é considerada referência na assistência psiquiátrica, e conta com equipe multiprofissional, composta por médicos psiquiatras, sanitarista, enfermeiros, assistentes sociais e terapeuta ocupacional (funcionários públicos estaduais), além de 105 cuidadores.

Cabe ao Governo do Estado o custeio dos profissionais que acompanham os ex-pacientes nas residências, o fornecimento de medicamentos, alimentação e outros insumos, e a parceria se estende ao governo municipal com a locação das casas. Cada morador das residências terapêuticas ainda conta com benefícios de assistência social para uso próprio, o que movimenta a economia da cidade e região.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br