Cientistas criticam corte de 22% no orçamento do MCTI
Entidades que representam o setor reagiram ao anúncio de redução de R$ 1,486 bilhão na pasta em 2012
O governo federal anunciou um corte de 22% no orçamento previsto para este ano no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), reduzindo o total de R$ 6,716 bilhões para R$ 5,230 bilhões. A medida integra um bloqueio de R$ 55 bilhões do orçamento federal de 2012, anunciado pelo governo no dia 15 de fevereiro, motivado, segundo o Ministério da Fazenda, pela necessidade de o Poder Executivo cumprir a meta de superávit primário de R$ 140 bilhões.
A decisão provocou protestos por parte de representantes da classe científica brasileira, como a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Para a SBPC, o corte “vai na contramão da história”, pois C&T&I — consideradas áreas estratégicas — estão sendo “fragilizadas”. Segundo a presidente da SBPC, Helena Nader, nos Estados Unidos, após o início da crise financeira de 2008, o governo optou por aumentar os investimentos no setor, diferentemente do que foi feito no Brasil.
Medida integra um bloqueio de R$ 55 bilhões do orçamento federal de 2012, anunciado no dia 15 de fevereiro
“As nações mais desenvolvidas investem em ciência e tecnologia para ampliar sua base de conhecimento e aumentar seu potencial de inovação, de modo a gerar mais emprego e melhorar a distribuição de renda”, destacou Nader, em comunicado divulgado no site da entidade. Ela lembrou que esse foi o segundo corte consecutivo nos recursos destinados à pasta. A SBPC apresentou algumas de suas preocupações sobre a garantia de distribuição de financiamento para todas as áreas do conhecimento e sobre o desenvolvimento da ciência no Brasil durante visita, no dia 22 de fevereiro, do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, à sede da entidade, em São Paulo.
Alertas frequentes
O presidente da ABC, Jacob Palis, afirmou, em comunicado enviado à imprensa, que a entidade tem se manifestado frequentemente sobre a necessidade de se aumentar os investimentos em C&T e educação no País, como forma de assegurar ao Brasil uma posição de constante desenvolvimento em busca da prosperidade e da justiça social.
“Apelamos, assim, à presidente Dilma Rousseff por ampla revisão dos recentes cortes de orçamento nessas áreas, especialmente quando iniciam suas gestões dois novos ministros, um deles oriundo da área de C&T, o ministro Marco Antônio Raupp, e quando o objetivo governamental anunciado é o de atingirmos percentual bem mais elevado em relação ao PIB de investimentos em ciência, tecnologia, inovação, pesquisa e desenvolvimento”, declarou Palis.
FONTE: Inovação UNICAMP