Dengue tipo 4? Secretaria de Saúde responde às principais dúvidas sobre o novo vírus
Com o surgimento dos primeiros casos confirmados de dengue tipo 4 na capital do Rio de Janeiro, algumas dúvidas e informações equivocadas começam a circular na imprensa e nas redes sociais. Para bem informar a população sobre esse novo tipo de vírus da dengue, o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, respondeu às principais questões.
– Existe a possibilidade de ter uma grande epidemia de dengue neste verão?
Alexandre Chieppe: A análise da série histórica de dengue no estado do Rio de Janeiro evidencia um padrão de transmissão cíclico, influenciado por dois principais fatores: padrão de imunidade da população e tipo de vírus circulante. Há dois anos evidenciamos a reentrada do vírus dengue tipo 1I no estado do Rio de Janeiro, que havia circulado pela última vez na década de 80 e, portanto, existia um grande número de pessoas susceptíveis. Consequentemente, tivemos em 2011 168.242 casos de dengue notificados, quanto também identificamos a entrada do vírus tipo 4 no Brasil, com isolamento de alguns casos em Niterói. Como nunca houve circulação deste vírus no estado, ninguém tem imunidade. Portanto, não podemos descartar a possibilidade de ocorrência de um grande número de casos de dengue em 2012, tanto pelo vírus 1 da dengue, como pelo vírus 4.
– Houve um retorno do vírus tipo 1? Como isso aconteceu?
Alexandre Chieppe: O padrão cíclico de transmissão da dengue, que observamos em vários países do mundo, é determinado exatamente pela alternância da circulação dos tipos de vírus de dengue. Se considerarmos ainda o intenso fluxo de pessoas entre os países e a rapidez de locomoção, a entrada ou reentrada dos diferentes tipos de vírus é muito facilitada.
– O vírus de tipo 4 também entrou em contato com a população este ano? Em que isso agrava a situação? Por que a população está mais suscetível a esse tipo?
Alexandre Chieppe: Existem 4 tipos de vírus da dengue: 1, 2, 3 e 4. Uma vez que uma pessoa adquire dengue por um tipo de vírus, ela adquire imunidade contra aquele tipo, mas não contra os outros. Como o tipo 4 nunca circulou antes no Brasil, em tese ninguém está protegido contra este tipo de vírus.
– Quais as diferenças dos vírus? E quais os riscos de cada um? O tipo 4 é mais perigoso?
Alexandre Chieppe: Não existem diferenças significativas entre os tipos de vírus da dengue. Todos cursam com sinais e sintomas muito semelhantes: febre, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, prostração e manchas vermelhas no corpo. Da mesma forma, apesar de ocorrer em uma minoria dos casos, todos podem causar formas graves da doença. Na verdade, a ocorrência de formas graves da dengue está mais relacionada a fatores individuais do que ao tipo de vírus da dengue que a causou. Alguns estudos apontam para um maior risco de desenvolvimento de formas graves em pessoas que já contraíram dengue anteriormente, o que é particularmente importante no estado do Rio de Janeiro, em que uma parte significativa da população já teve dengue.
– Como se dá o contágio?
Alexandre Chieppe: O contágio se dá pela picada do mosquito fêmea infectado.
– Quais os sintomas? Quando é preciso procurar um médico? E o que é melhor fazer? Que especialista procurar? Emergência dos hospitais é a melhor opção?
Alexandre Chieppe: A dengue é uma doença que cursa, na maioria das vezes, sem grandes complicações. Entretanto, uma parte das pessoas pode apresentar formas graves. A orientação médica e o acompanhamento regular são essenciais. Desta forma, qualquer pessoa que tenha febre, dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração e manchas vermelhas no corpo, deve procurar imediatamente o serviço de saúde de referência em seu bairro ou município. Os municípios, dependendo de suas características, organizam sua rede assistencial de formas diferentes. O fato é que, desde as unidades básicas de saúde até as grandes emergências dos grandes hospitais, todas devem estar organizadas para atender as pessoas com dengue.
Outra questão que estamos enfatizando muito este ano é que toda pessoa com dengue deve receber o “Cartão de acompanhamento da dengue”. No cartão, constam informações sobre dia, horário e local das reavaliações, como preparar o soro caseiro, os sinais e sintomas de gravidade da doença, entre outras informações de grande relevância para o médico e o paciente.
– Como é feito o diagnóstico? Que exame indica a dengue?
Alexandre Chieppe: O diagnóstico é, na grande maioria das vezes, clínico, através da avaliação dos sinais e sintomas da doença. Em alguns casos, em que o diagnóstico pode não estar tão claro, e nos casos graves, utilizamos alguns testes como NS1, Elisa, entre outros.
– O Rio está realmente preparado para essa epidemia?
Alexandre Chieppe: O Rio de Janeiro vem se preparando para a possibilidade de epidemia. Trabalhamos sempre com o pior cenário possível, para que não sejamos surpreendidos. Apresentamos o cenário epidemiológico para os prefeitos e secretários de saúde dos municípios do estado. Avaliamos os planos de contingência apresentados pelos municípios, observando sua factibilidade e adequabilidade a um cenário epidêmico. Estamos certamente muito mais preparados do que em anos anteriores.
– Quais regiões do estado serão mais afetadas?
Alexandre Chieppe: A região que sempre nos preocupa mais é a metropolitana, principalmente devido à grande densidade populacional. Este é um fator que contribui muito para o maior risco de transmissão da doença. Mas todo o estado do Rio de Janeiro está sob risco, uma vez que não existe padrão de imunidade para o tipo 4 em nenhum lugar do país.
Visite o site http://www.riocontradengue.com.br
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro