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“Não fale comigo sobre raios X. Estou com medo deles”, afirmava Thomas Edison

A frase citada pelo empresário norte-americano, ainda em 1903, deixava claras as consequências do uso indiscriminado das radiações ionizantes no corpo humano.
A frase citada pelo empresário norte-americano, ainda em 1903, deixava claras as consequências do uso indiscriminado das radiações ionizantes no corpo humano.

Em 08 de novembro de 1895, o físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen (1845 – 1923) produziu radiação electromagnética nos comprimentos de onda correspondentes aos atualmente chamados raios X. O episódio ficou registrado como a descoberta oficial da radiação ionizante. Uma semana depois, Roentgen fez uma imagem de raios X da mão de sua esposa, revelando os ossos dos dedos e um anel de casamento bulboso . A imagem rapidamente circulou pelo mundo e o público ficou encantado com a possibilidade de enxergar as pessoas por dentro.

Não demorou para que a descoberta chegasse aos ouvidos de Thomas Alva Edison, que já realizava uma série de experimentos com suas lâmpadas fluorescentes, nos Estados Unidos. Na época, ele e seu assistente de laboratório, Clarence Dally, decidiram realizar uma série de testes com a nova descoberta por meio de um fluoroscópio (foto acima), o que acabou por expor os dois a uma grande quantidade de radiação por horas a fio.

Radiografia da mão de Anna Bertha Ludwig, esposa de Wilhelm Roentgen, em 1895
Radiografia da mão de Anna Bertha Ludwig, esposa de Wilhelm Roentgen, em 1895.

Após a constatação de que a “invenção” modificaria a forma de salvar vidas por meio da medicina, e até mesmo de gerar provas por meio da área forense, Edison anunciou que sua própria saúde havia sido impactada de forma negativa devido à exposição excessiva aos raios X. Em 1903, ele afirmou que sentia má digestão, encontrou caroços pelo corpo e teve a visão parcialmente comprometida.

“Não fale comigo sobre raios X… eu estou com medo deles. Eu parei de fazer experimento com eles há dois anos, quando fiquei próximo de perder minha visão e Dally, meu assistente, praticamente perdeu o uso de seus dois braços. Estou com medo do rádio e do polônio também e não quero subestimá-los”, relatava.

Por sua vez, Clarence, foi submetido a uma série de cirurgias, além de uma amputação no braço esquerdo. O braço direito também começava a ser comprometido pelo efeito das radiações ionizantes, de modo que o assistente veio a falecer no ano seguinte (1904). Na época dos relatos, um depoimento deixa claro a importância de profissionais habilitados na sociedade, para que os equipamentos sejam operados com a devida excelência. Um verdadeiro legado deixado aos técnicos e tecnólogos em Radiologia:

“Nas mãos de operadores com experiência, eles (raios X) são uma contribuição valiosa à cirurgia. Mas eles são perigosos e mortais nas mãos de pessoas sem experiência, ou até mesmo nas mãos de um homem que os utilize continuamente para fazer experimentos. Temos dois ‘objetos’ que servem de lição a esse fato”, explicava Edison em clara referência a si e a seu assistente.

Saiba mais

> Nessa época, houve muita rivalidade entre Thomas Edison e Nikola Tesla, principalmente em um padrão de distribuição de energia. O primeiro defendia  a corrente contínua (CC), enquanto o segundo propôs, além da Torre de Energia Sem Fio, a corrente alternada (CA). Entenda as contribuições de cada um aqui.

Fontes

> A Cultural History of Radiation and Radioactivity in the United States, 1895-1945.

> Clarence Dally – The Man Who Gave Thomas Edison X-Ray Vision.

FONTE: CONTER
http://www.conter.gov.br