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Exercício Geral do Plano de Emergência da Central Nuclear é encerrado com êxito

Cerca de 2 mil pessoas participaram do Exercício Geral do Plano de Emergência Externo da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis (RJ). Este ano, pela primeira vez, o treinamento aconteceu em dois dias: 31 de agosto e 1º de setembro. Servidores da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) estiveram presentes em diferentes atividades.

A chuva que começou a cair no final da manhã do primeiro dia não comprometeu as simulações previstas para o exercício, que teve como novidade um cenário de acidente simultâneo nas duas usinas (Angra 1 e Angra 2) da central nuclear.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República é o responsável pela coordenação dos exercícios, já que é o órgão central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron). A organização das ações coube ao Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear em Angra dos Reis (Copren/AR).

O comitê reúne representantes do GSI; da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); da Eletrobras Eletronuclear; da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); da Defesa Civil nacional, estadual e municipais de Angra dos Reis e Paraty; do Corpo de Bombeiros; e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), do governo do estado do Rio.

Estiveram presentes no desenrolar do treinamento o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general José Elito Carvalho Siqueira; o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Sherman; o secretário Nacional de Defesa Civil, Humberto Viana; o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva; o presidente da CNEN, Angelo Padilha; e o presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Alfredo Tranjan Filho.

Também acompanharam as atividades da simulação a deputada federal Perpétua Almeida e o deputado estadual de Santa Catarina, Kennedy Nunes. Durante a noite, o prefeito de Angra, Tuca Jordão, visitou o centro de coordenação do exercício para acompanhar as ações do plano de emergência.

Integração é destaque

De acordo com o ministro José Elito, o exercício é fundamental para aumentar cada vez mais a integração entre os atores envolvidos no plano de emergência. Ele também adiantou que o GSI já vai começar o planejamento do próximo treinamento.

Para o coordenador do Sipron, vice-almirante Carlos Alberto Matias, o exercício foi um sucesso. “O plano já é bastante satisfatório, mas queremos sempre aprimorá-lo para a população saber que, no improvável caso de uma emergência, ela estará protegida”, ressalta.

O exercício geral permitiu avaliar a eficácia do plano, identificar possíveis pontos vulneráveis e aperfeiçoar procedimentos. Mesmo baseado em uma situação fictícia, o exercício é uma megaoperação que envolve entidades civis e militares, além da população da região.

Exercício deste ano trouxe novidades

O subsecretário estadual de Defesa Civil e coordenador do exercício, Jerri Pires, destaca as novidades introduzidas este ano. “Fiquei particularmente feliz porque, pela primeira vez, as emissoras de rádio participaram do treinamento veiculando orientações para a população”, comenta.

As novas instalações do Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN) – que coordena as ações locais do plano – ficaram interligadas em tempo real com outros centros de controle situados na cidade do Rio de Janeiro e em Brasília, onde o ministro José Elito pode assistir o início do treinamento.

– A mudança propiciou um espaço físico mais adequado ao CCCEN e melhorou a integração com o Centro de Informações de Emergência Nuclear (Cien), coordenado pela CNEN. Além disso, com o apoio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, pudemos ter todos os centros de emergência federais e estaduais interligados por videoconferência, possibilitando uma troca de informações precisa e imediata – diz o coordenador do CCCEN, tenente-coronel bombeiro militar Otto Ramos da Luz.

Distribuição de iodeto de potássio

O quadro simulado no exercício incluiu o risco de liberação de radiação para o meio ambiente e a decretação de situação de emergência. Agentes de saúde também simularam a distribuição de pastilhas de iodeto de potássio, que protegem a tireóide do iodo-131, radioisótopo que poderia ser liberado em caso de acidente nuclear. Como se trata de um exercício, foram utilizadas balas no lugar dos medicamentos.

– A distribuição da pastilha é uma ação protetora recomendada quando não existe a possibilidade da remoção imediata. Ela impede a absorção pela tireóide do iodo radioativo. Outra novidade nesse exercício foi o teste do Argos, um sistema que permite calcular o deslocamento da pluma radioativa a partir de análises metereológicas. Ambos os procedimentos obtiveram êxito – avalia o chefe da Divisão de Inspeção Residente de Angra dos Reis da CNEN, Jefferson Borges Araújo.

Parte dos moradores em um raio de 5 km em torno das usinas, incluindo habitantes das ilhas, participou voluntariamente do treinamento e foi removida para abrigos montados em escolas estaduais, municipais e no Colégio Naval de Angra dos Reis.

– O abrigo localizado na escola municipal Prefeito José Luiz Reseck, no Frade, foi ativado quando solicitado e permaneceu aberto por toda a noite, pronto para receber a população. Estavam presentes agentes da Defesa Civil Municipal e funcionários da Fundação de Saúde de Angra dos Reis (Fusar), do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e das secretarias de Ação Social, Educação, Obras e Esporte e Lazer – afirma o Secretário Especial de Defesa Civil e Trânsito de Angra dos Reis, José Carlos Lucas Costa.

Evacuação da central nuclear

No dia 31, houve a simulação da retirada dos trabalhadores da central nuclear, incluindo os operários do canteiro de obras de Angra 3. Foram utilizados mais de 100 ônibus para transportar cerca de 4.500 pessoas, numa operação que durou menos de uma hora.

– Com o sucesso do exercício, foi confirmada mais uma vez a importância do planejamento acompanhado de simulações periódicas. A remoção dos trabalhadores da central nuclear ocorreu dentro do tempo previsto, mas vamos continuar buscando melhorias – frisa o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva.

O exercício foi precedido de uma grande campanha de comunicação, em tv e rádio, que, nos dias que antecederam a simulação, estimulou os moradores da região a tirar suas dúvidas em uma van que circulou por Angra dos Reis e Paraty. Mais de 5 mil pessoas compareceram e puderam conversar diretamente com especialistas das organizações envolvidas. Francisco Rondinelli, Coordenador-Geral de Planejamento e Avaliação da CNEN, foi o representante da instituição na campanha televisiva.

FONTE: CNEN
http://www.cnen.gov.br/