Polvos de crochê auxiliam no desenvolvimento de bebês no Hospital da Mãe
Método simples e saudável transforma o ambiente do recém-nascido e proporciona relaxamento durante a internação
Olhos, boca, lacinho e tentáculos… tudo cuidadosamente feito em crochê. O ‘polvo terapêutico’, uma delicada invenção, está fazendo a diferença nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e Intermediárias (UI) do Hospital Estadual da Mãe, em Mesquita, e vem tornando a maternidade um ambiente mais acolhedor e confortável para os recém-nascidos. O projeto conta também com a oficina Colo de Mãe, recentemente implantada na unidade, e que ganha a simpatia de quem convive no ambiente.
O polvo de crochê – popularizado inicialmente na Dinamarca e que agora se espalha por diversos países – está ganhando espaço nas maternidades do estado do Rio e traz a proposta inovadora de resgatar a sensação do ambiente intrauterino ao bebê internado. O material é colocado dentro da incubadora para que a criança interaja naturalmente com os tentáculos, que se assemelham ao cordão umbilical, promovendo a sensação natural de segurança e conforto ao bebê, reforçando a união entre mãe e filho.
Além de um brinquedo, os bichinhos tem tido efeitos positivos na maternidade, que vão desde a sensibilidade no conforto da criança até o auxílio na situação clínica do bebê, estimulando o seu desenvolvimento.
– O que é visto apenas como um brinquedo fofo por alguns, tem um significado muito mais amplo e sensível do ponto de vista terapêutico. Os profissionais, atentos aos resultados, observam que com o uso do polvo, há maior sensação de acolhimento e a criança fica mais calma, com os sinais vitais e frequência respiratória mais estáveis, contribuindo e complementando o tratamento medicamentoso necessário. Todo este mecanismo tem gerado bons e prolongados resultados, que não se restringem apenas ao período de contato com o brinquedo – explica a Coordenadora da Fisioterapia e responsável pelo projeto na unidade, Fernanda Melino, que destaca também um maior engajamento entre os funcionários depois da criação da nova ferramenta.
A técnica facilita também na realização dos procedimentos médicos, já que nessa primeira fase, os bebês têm estímulos naturais para tatear o que há em sua volta. Ao segurar os tentáculos, os pequenos ficam mais tranquilos.
– Eu percebo que o polvinho faz diferença no comportamento dela. Ela fica menos agitada e parece mais confortável. Isso, somado ao trabalho dos médicos e enfermeiros, que cuidam muito bem da gente, é maravilhoso – destaca Marcela da Silva Ferreira, mãe da pequena Esther que acaba de completar um mês de vida.
Confeccionados 100% em algodão e enchimento sintético para evitar a proliferação de fungos, os produtos seguem um rígido protocolo de segurança, orientados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da unidade, e obedecem medidas (não devendo passar de 22cm) e materiais específicos, além de passar por processos de lavagem para que o produto esteja apto para o uso da criança. Vale lembrar que o Polvo é de uso exclusivo do bebê que, ao receber alta hospitalar, pode levar pra casa.
– Nossa preocupação é propiciar esse material de forma que tenhamos certeza que não apresenta nenhum risco de infecção ao paciente. As mães, inclusive, também são orientadas de como é feita a higienização do produto, que é preciso ser lavado a cada semana – ou antes se houver necessidade – e secado ao sol, e higienizar as mãos antes de manuseá-lo, além de que o Polvo não deve ser dividido com outras crianças – ressalta Débora Rangel, enfermeira do CCIH.
O Hospital Estadual da Mãe é pioneiro neste projeto na rede pública do Estado, ratificando a importância das práticas humanizadas nas unidades de saúde.
– Esse projeto é mais uma ação de humanização que a SES promove para reforçar a qualidade no atendimento das maternidades estaduais. É importante destacar que o polvo não foi feito para substituir a presença materna, mas para oferecer à criança este ambiente acolhedor nos momentos em que ela não está fisicamente junto à mãe. O contato entre mães e bebês é fundamental e traz muitos ganhos à saúde das crianças – reforça o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Júnior.
Polvos são confeccionados por voluntários – Após as primeiras doações – por iniciativa de colaboradores da unidade – o Hospital da Mãe criou a oficina Colo de Mãe em abril deste ano, onde funcionários voluntários, familiares e colaboradores se reúnem para ensinar, aprender e confeccionar os polvos para os pequenos pacientes da unidade. As oficinas acontecem mensalmente e – além de repor os brinquedos que vão sendo levados pelos bebês que recebem alta hospitalar – promove melhor interação entre as mães, em um momento de conversa e troca de experiências.
Atendimento humanizado – O Hospital da Mãe é adepto das técnicas de humanização, dentro do conjunto de boas práticas realizada nas maternidades estaduais, que visam à qualidade no atendimento. Entre as ações, os serviços de banho de ofurô, Método Canguru e Redes Terapêuticas, que promovem o relaxamento e o bem-estar do recém-nascido, técnicas que também remetem ao ambiente intrauterino. Para as gestantes, a unidade proporciona o parto humanizado que inclui métodos não farmacológicos para alívio da dor, como técnicas de respiração e massagem, relaxamento na bola suíça, escalda pés, entre outras atividades. Além da sala Espaço Mãe, para exercícios respiratórios e pélvicos, a unidade dispõe de suítes privativas para cada gestante.
Perfil da unidade – Inaugurado em junho de 2012, o Hospital Estadual da Mãe de Mesquita é referência no atendimento de gestantes do SUS com perfil de baixa e média complexidades na Baixada Fluminense. Em maio, a unidade se destacou por uma das menores taxas de cesáreas, que chegou a 23%. Em média, o hospital realizou 728 partos e fez 5.720 atendimentos por mês em 2017.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br