Hospital Estadual da Criança realiza as primeiras cirurgias ortopédicas
Alívio e alegria fazem parte do fim da espera de pacientes que há anos aguardavam para realizar uma cirurgia. Em doze dias de funcionamento, onze crianças já passaram por procedimento cirúrgico. Em abril, após o credenciamento pelo Ministério da Saúde, hospital do estado começa a fazer transplante em crianças
Uma semana foi o tempo que durou a espera de onze pacientes que, há anos, ansiavam para realizar uma cirurgia. Inaugurado no início deste mês em Vila Valqueire, o Hospital Estadual da Criança já está mudando a vida de pacientes entre 0 e 19 anos de todo Rio de Janeiro. Foram feitas 60 consultas pré-operatórias, mais de 40 exames de raios-x, 15 de tomografia computadorizada, que levaram a onze procedimentos cirúrgicos, oito deles de ortopedia. E é só o começo. A unidade pediátrica pioneira do Governo do Estado tem capacidade para realizar 8.400 consultas ambulatoriais, 3.360 procedimentos cirúrgicos de alta complexidade, 2.400 quimioterapias e 450 transplantes por ano.
SAMUEL – Da fila aos campos de futebol – Os pais de Samuel de Oliveira, de 6 anos, estão felizes e ansiosos porque querem ver o filho livre da Doença de Blount (que afeta as tíbias, deixando a perna arcada). Nesta quinta-feira, foi realizada uma osteotomia na perna direita – uma cirurgia bastante complexa – para que o menino tenha maior qualidade durante a recuperação. Apesar de ter ainda o “segundo tempo” neste jogo (o procedimento ainda precisará ser feito na perna esquerda), o menino está feliz e não vê a hora de jogar bola sem sentir dores.
Pouco antes de entrar no centro cirúrgico, Samuel, que é vascaíno, não titubeou ao falar o que pretende fazer: “Vou jogar futebol”. O pequeno ainda quer usar as pernas para dirigir um táxi quando crescer. Samuel quer ser taxista.
Samuel espalhou alegria no novo Hospital Estadual da Criança. O menino, morador de Bangu, não para e quem o olha fazendo amizades, distribuindo sorrisos, não imagina que desde pequeno enfrenta a doença de Blount. Samuel começou a fazer o tratamento com 2 anos de idade, no INTO, e há 3 anos aguardava por uma cirurgia.
EMILLY – Teletransporte: o caminho entre a fila e a vida feliz – A pequena Emilly Mendes, 10 anos, moradora de Vaz Lobo, já tem na ponta da língua as inúmeras brincadeiras que pretende participar após a recuperação da cirurgia de alinhamento da patela direita (osso do joelho). Entre os planos, está o que mais gosta de fazer: andar de patins. Agora sem sentir as dores que atrapalhavam seus passeios.
– Quero brincar de pique, sem correr pulando, andar de patins, sem precisar parar por causa da minha dor, e ainda fazer aulas de boxe – conta, feliz.
A felicidade da filha tem gosto de superação para a mamãe, Evelyn Mendes.
– Esperamos tanto tempo por esta cirurgia e chegamos ao término de uma etapa. Estamos confiantes de que, depois da recuperação, ela vai ganhar mais qualidade de vida. Tudo isso em apenas uma semana, depois de esperar quase 5 anos, me sinto honrada como mãe, em ver que o estado se preocupa com o bem estar de tantas crianças que esperam por uma cirurgia há tanto tempo – comemora Evelyn.
YURI – Recém-operado, sonha em ser médico – Quem olha assim para o pequeno Yuri Souza, de 6 anos, todo animado, brincando, não imagina que ele e a família enfrentaram algumas dificuldades por conta de um problema congênito no coração e uma paralisia do lado direito do corpo. Ele pisa na ponta do pé e, por isso, tem dificuldades de locomoção e precisava passar por cirurgia de correção para ajustar a deformidade em função do crescimento. Precisava! Yuri é uma das quatro crianças que foram as primeiras operadas no recém-inaugurado Hospital Estadual da Criança. Somando o tempo de espera na fila do INTO de cada um dos quatro, dava 15 anos. Já bem e desperto após o procedimento, é com muita alegria que Yuri fala sobre o que fará depois que sair do hospital: “Quero correr, jogar futebol e brincar de videogame todos os dias, mas quando crescer vou ser médico e ajudar muitas pessoas”
Unidade vai desafogar fila do INTO – 120 pacientes que estavam na fila do Instituto Nacional de Ortopedia e Traumatologia (INTO) foram selecionados para serem operados no Hospital Estadual da Criança. A ideia é que a unidade estadual ajude a desafogar o gargalo da enorme demanda concentrada no hospital federal. Esta semana, oito crianças passaram pelo centro cirúrgico do Hospital Estadual da Criança.
– O resultado não poderia ter sido melhor em todas as cirurgias. O Hospital tem uma estrutura ímpar, então facilita a pronta recuperação dos pacientes – disse o coordenador da equipe de ortopedia do Hospital Estadual da Criança, o médico Márcio Cunha.
Transplante de rim e fígado – A Secretaria de Estado de Saúde optou por incluir o serviço de transplante de rim e fígado no novo Hospital Estadual da Criança depois que o Hospital Federal de Bonsucesso interrompeu o serviço. Desta forma, a nova unidade se soma ao Centro Estadual de Transplantes – inaugurado em fevereiro na Tijuca – como mais uma opção para a realização de cirurgias. O Hospital da Criança tem capacidade para realizar até 20 transplantes de rim e 20 de fígado por mês. O serviço de transplante começa a operar em abril, após a abertura do processo de credenciamento da unidade no Sistema Nacional de Transplantes.
Sobre o Hospital Estadual da Criança – O Hospital Estadual da Criança é a primeira unidade do estado do Rio de Janeiro voltada para atendimento pediátrico. Realiza cirurgias de média e alta complexidade, além do tratamento do câncer. O Hospital atende crianças de 0 a 19 anos e conta com 58 leitos de enfermaria, 16 de UTI neonatal, 9 de UTI pediátrica e 8 poltronas de quimioterapia. Oferece exames de ultrassonografia, tomografia computadorizada, ecocardiografia e broncoscopia.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro