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No Brasil, maioria dos pacientes com hipertensão e diabetes faz acompanhamento de saúde no SUS

Dados levantados pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde mostram que a Atenção Primária é referência para os brasileiros no atendimento de doenças crônicas não transmissíveis

Percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal foram os temas abordados em mais um módulo da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, divulgada nesta quarta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde. A pesquisa entrevistou pessoas de 15 anos ou mais de idade. No entanto, para comparar com os resultados da PNS 2013, foi considerada a população de 18 anos ou mais.

“A pesquisa é importante para nortear as políticas do Ministério da Saúde, principalmente em relação às doenças crônicas e à saúde bucal. A pasta tem trabalhado bastante nessas duas áreas, liberando recursos e ampliando as equipes para melhorar o atendimento em todo o Brasil. Após a análise detalhada desses dados, nós certamente os usaremos para continuar implementando políticas e qualificar ações que já estão em andamento”, destacou o secretário da Atenção Primária à Saúde, Raphael Parente.

Os dados da pesquisa apontam que o Sistema Único de Saúde (SUS) é referência de atendimento para os brasileiros que possuem doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). A pesquisa levantou que 24% dos indivíduos alegaram diagnóstico de hipertensão em 2019, sendo essa a mais frequente entre as doenças crônicas, com 38,1 milhões de pessoas nesta condição. Desses, 72,2% afirmaram ter recebido assistência médica para hipertensão há menos de um ano no país – 66,4% haviam realizado sua última consulta no SUS. Os postos de saúde foram as unidades mais citadas (46,6%) pelos pacientes na procura por consultas.

O mesmo ocorreu em pacientes com diabetes, a quarta condição mais frequente entre as doenças crônicas. Cerca de 7,7% da população recebeu diagnóstico para a doença (12,3 milhões de pessoas) e 80% afirmou receber assistência médica no último ano, o que corresponde a 9,7 milhões de pessoas. Dessas, 66,5% receberam atendimento na rede pública de saúde, com 50% das consultas realizadas em um dos 41 mil postos de saúde distribuídos pelo país.

“A produção de informações e análises da situação da saúde apoia a implementação de estratégias no SUS. O Ministério da Saúde tem investido na ampliação e melhoria da cobertura e análise de dados de mortalidade e morbidade. As informações são importantes para o monitoramento de metas pactuadas nacional e internacionalmente”, afirmou Luciana de Almeida Costa, diretora do Departamento de Análise de Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis (DASNT) do Ministério da Saúde.

Neste ano, o Ministério da Saúde já investiu mais de R$ 221 milhões para aumentar o cuidado e acompanhamento às pessoas com doenças crônicas não transmissíveis no âmbito da Atenção Primária. O SUS oferta acompanhamento e tratamento completo para essas doenças, com distribuição de medicamentos quando necessário. O atendimento conduzido pela Atenção Primária pode evitar hospitalizações e complicações futuras relacionadas às essas doenças.

SAÚDE BUCAL

A PNS 2019 também levantou informações relacionadas ao cuidado dos brasileiros com a saúde bucal. A edição de 2019 da PNS mostra melhorias no autocuidado em saúde bucal dos brasileiros. Cerca de 93,6% das pessoas entrevistas escova os dentes pelo menos duas vezes ao dia. Em 2013, 89,1% escovava os dentes duas vezes ao dia. Cerca de 63% da população usa escova de dentes, pasta de dente e fio dental para fazer a higiene bucal.

O autocuidado precisa ser acompanhado pelo atendimento odontológico para a prevenção e tratamento dos problemas de saúde bucal. O Brasil é um dos únicos países do mundo que oferta esse cuidado em conjunto com a assistência na atenção primária e especializada, de forma gratuita e universal. Atualmente, o SUS conta com mais de 27 mil equipes de saúde bucal, 1.173 centros de especialidades odontológicas e 2.884 laboratórios de prótese.

Cerca de 70 milhões de pessoas estão cadastradas em equipes de saúde da família que contam com cuidados em saúde bucal. As equipes são habilitadas a realizarem desde a prevenção à reabilitação em saúde bucal.

A pasta tem realizado esforços na ampliação e qualificação desses serviços, com uma série de ações como o reajuste do custeio das equipes de saúde bucal, ampliando em 10% o recurso federal e investindo mais R$ 88 milhões ao ano; repasse de R$ 15 milhões para aquisição de cadeiras odontológicas para as novas equipes de saúde bucal implantadas entre 2019 e maio de 2020, beneficiando 849 serviços em todo país; e o credenciamento de 1.883 novas equipes de saúde bucal para ampliação do acesso aos serviços pela população brasileira.

Além disso, o Ministério da Saúde investiu R$ 190 milhões apenas este ano para adequações dos serviços de saúde bucal no contexto da pandemia da Covid-19, incentivando a retomada segura dos atendimentos odontológicos nos serviços de saúde.

ESTILO DE VIDA  

O prato mais tradicional do país segue prevalente nas dietas dos brasileiros. Cerca de 68,3% dos indivíduos reportaram consumir feijão de forma regular (cinco ou mais dias da semana). Cerca de 13% dos brasileiros tiveram consumo regular de frutas e hortaliças recomendado. Enquanto 7,4% dos adolescentes tiveram consumo recomendado de frutas e hortaliças, o consumo entre idosos é de 17,9%.

A pesquisa também levantou dados sobre alimentos ultraprocessados (cuja fabricação envolve diversas etapas, técnicas de processamento e vários ingredientes): 14,3% das pessoas de 18 anos ou mais afirmaram consumir cinco ou mais grupos desse tipo de alimento no dia anterior à entrevista, sendo o consumo em áreas urbanas duas vezes maior do que em áreas rurais. Foi observado consumo regular de refrigerantes por 9,2% e de suco de caixa ou refresco em pó por 13,3% dos brasileiros, sendo o consumo de ambos de duas a três vezes maior entre adolescentes.

CONSUMO DE ÁLCOOL E TABAGISMO

Em relação às bebidas alcoólicas, 26,4% dos entrevistados de 18 anos ou mais costuma consumir bebida alcoólica uma ou mais vezes na semana – 17,1% reportaram ingestão abusiva de álcool nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. A prevalência é maior entre os homens (26%) do que entre as mulheres (9,2%).

A PNS 2019 apresenta ainda queda no número de fumantes no Brasil. Cerca de 12,8% dos entrevistados com 18 anos ou mais (20,4 milhões) se declararam usuários de produtos derivados do tabaco, comparado aos 14,9% apresentado em 2013. A pesquisa apontou ainda que o percentual de exposição ao fumo passivo é de 9,2% em ambiente residencial e de 8,4% no ambiente de trabalho.

ATIVIDADE FÍSICA

A execução do nível recomendado de atividade física (150 minutos semanais para atividades moderadas e 75 minutos por semana para intensas) foi reportada por 30,1% dos entrevistados. Já 42,6% disseram praticar atividades físicas no trabalho, no deslocamento ao trabalho (31,7%) ou nas atividades domésticas (15,8%).

Cerca de 40,3% dos adultos foram classificados como insuficientemente ativos (que não praticam atividade física ou praticaram menos de 150 minutos por semana, levando em consideração lazer, trabalho e deslocamento). A prevalência é maior em mulheres (47,5%) do que em homens (32,1%).

O Ministério da Saúde incentiva cada vez mais a população a fazer atividades físicas de forma regular, para prevenção e controle de doenças como diabetes e hipertensão. Em dezembro, a pasta deve lançar o Guia de Atividade Física para a População Brasileira. Para 2021, também estão previstas ações para informar as pessoas de que a atividade física promove diversos benefícios para a saúde, além da promoção de serviços já disponíveis na Atenção Primária, como as Academias da Saúde.

DEPRESSÃO

A PNS 2019 levantou ainda que 10,2% dos entrevistados receberam diagnóstico de depressão, o que representa 16,3 milhões de pessoas no país. Mais da metade (52,8%) informou ter recebido assistência médica nos últimos 12 meses.

No final de outubro, Ministério da Saúde repassou mais de R$ 65 milhões para ampliação e abertura de 74 novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), 100 Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), duas Unidades de Acolhimento (UA) e 144 Serviços Hospitalares de Referência (SHR) nos municípios brasileiros. Durante a pandemia da Covid-19, a pasta reforçou o atendimento em saúde mental – foram repassados, em 2020, R$ 1,1 milhão para ampliação desses serviços na rede pública de saúde.

FONTE: Ministério da Saúde
http://portalms.saude.gov.br