Prestes a completar dois meses, Hospital Estadual da Criança já realizou mais de 130 cirurgias pediátricas
Serviços de oncologia e transplantes já estão funcionando plenamente na unidade aberta pelo Governo do Estado em Vila Valqueire. Hospital está apto a receber todos os pacientes que aguardam por cirurgia urológica no Hospital Federal de Bonsucesso
Inaugurado em março com a proposta de ser um polo de atendimento ao paciente pediátrico nas áreas de cirurgia ortopédica e geral, oncologia e transplante, o Hospital Estadual da Criança, em Vila Valqueire, vai fechar o segundo mês de funcionamento comemorando duas grandes vitórias: a realização dos primeiros transplantes de fígado e rim e das primeiras cirurgias oncológicas da unidade, ambos com sucesso. Ao todo, já foram realizadas mais de 130 cirurgias na nova unidade.
Com o diagnóstico de um tumor abdominal, Gabriel, de três anos, foi encaminhado às pressas para a unidade. Operado no início de abril, o menino, que deve passar por nova cirurgia e quimioterapia, foi o primeiro paciente oncológico operado, já recebeu alta e nesta segunda-feira (29) retornou para a primeira consulta de rotina no pós-operatório. E a carinha animada (foto) comprova que está tudo bem com Gabriel e o susto da família já passou.
– Estava tudo normal com ele quando percebemos há menos de um mês um caroço na barriguinha. Passamos por alguns hospitais até nos encaminharem pra cá. Fiquei muito preocupada quando falaram que meu filho estava com câncer, mas eu acredito muito na cura dele. Deu tudo certo na cirurgia e agora ele vai ter que fazer quimioterapia aqui mesmo. Ele é muito forte, até mais que eu. Está aguentando esse problema muito bem. Quero que tudo isso passe logo, que meu filho fique saudável – conta Elizete da Silva, mãe de Gabriel e de mais duas meninas.
Cirurgia urológica – A direção do Hospital Estadual da Criança informa que a equipe está apta a receber todos os pacientes pediátricos que hoje aguardam para realizar uma cirurgia de urologia no Hospital Federal de Bonsucesso.
– Estamos funcionando a pleno vapor. A nossa meta para o primeiro mês era realizar 35 cirurgias; mas já fizemos 42. No segundo mês, mesmo antes de encerrar o período de 30 dias, já superamos a meta em 28%. Temos o cirurgião infantil Francisco Nicanor comandando essa equipe superespecializada – destacou a diretora Heloísa Aranha.
Para isso, basta que a unidade de origem cadastre o paciente na Central Estadual de Regulação.
Números – Além das cirurgias oncológica e de transplante, foram realizadas nestes dois primeiros meses 130 cirurgias – 70 ortopédicas, 51 gerais e uma biópsia – e 297 consultas ambulatoriais. Tudo isso em um ambiente que prioriza o conceito de humanização, decorado de forma lúdica para promover o bem-estar dos pequenos pacientes.
Transplantes – Na última semana, dois grandes motivos para seguir celebrando: o primeiro transplante de rim da unidade e a alta do primeiro transplantado de fígado. No dia 24 de abril, o menino Abraham Lincoln de Oliveira, de 11 anos, recebeu o órgão de um doador falecido de cinco anos e passa bem. Portador de glomerulonefrite, Abraham fazia diálise há dois anos e aguardava na fila por um doador compatível. Ao todo, já foram realizados três transplantes na unidade.
– O mais importante é que hoje o Rio de Janeiro tem uma unidade apta para realizar esse tipo de transplante e não é mais necessária a transferência desses pacientes para outros estados. Não existe a possibilidade dos órgãos serem desperdiçados – explicou o responsável pelo procedimento, o cirurgião José Maria Figueiró, renomado especialista internacional de transplante de rim e pâncreas que agora integra as equipes do Hospital Estadual da Criança e do Centro Estadual de Transplantes.
Três dias depois, o pequeno Natan, de um ano e dois meses, primeiro paciente transplantado do Hospital Estadual da Criança, em Vila Valqueire, recebeu alta. Em uma cirurgia realizada no dia 3/04, o pai do paciente, Ubiratan Tonaso,doou parte de seu fígado para o menino. De acordo com a equipe médica, a recuperação está evoluindo bem.
A mãe permaneceu os 24 dias de recuperação na unidade, ao lado do filho. Ela conta ainda que o pai é o mais feliz com o retorno da criança para casa. Entre o casal, Ubiratan foi o único compatível.
– Agradeço a Deus por ter colocado este hospital na minha vida. A equipe médica nos tratou muito bem. E hoje vou embora com a certeza que meu filho será uma criança normal – afirmou Silvana Tonaso, mãe de Natan.
Mas o menino continuará recebendo acompanhamento médico da equipe do Hospital da Criança nos próximos meses.
– O primeiro mês é o período mais delicado, em que podem ocorrer complicações infecciosas. Por isso é importante monitorar a reabilitação. Se tudo der certo, a partir do sexto mês a criança terá uma vida praticamente normal – explicou o gastropediatra especialista em transplante de fígado Giuseppe Santalucia, que atendeu Natan.
Humanização do atendimento – O maior exemplo disso pode ser visto no tomógrafo computadorizado da unidade, que simula uma nave espacial. A sala onde fica o aparelho tem as paredes estampadas com estrelas e planetas. No teto, pontinhos de led dão a impressão de que uma constelação acompanha a criança durante o exame. Além das estrelas, os amiguinhos Bia e Breno (personagens que ilustram todo o hospital) compõem a viagem com roupas espaciais.
– Queremos que a entrada do paciente que está doente seja menos traumática. Por isso, fizemos um ambiente colorido, trabalhado com cromoterapia, cheio de movimentos para que eles possam se sentir à vontade. Mas não queremos fazer apenas um hospital bonito. Essas iniciativas propiciam um ambiente leve, qualidade no atendimento e aumentam as chances de uma cura em curto prazo. O Hospital Estadual da Criança é algo pioneiro na saúde do estado e que me orgulha muito – destaca o secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes.
Estrutura – Com investimento de R$ 5 milhões em equipamentos e obras de adaptação, a unidade conta com 58 leitos de enfermaria, 16 de UTI neonatal, 9 de UTI pediátrica e 8 poltronas de quimioterapia, exames de ultrassonografia, tomografia computadorizada, ecocardiografia e broncoscopia e serviços de fisioterapia motora e respiratória, terapia ocupacional e apoio psicológico para pacientes e familiares. O hospital tem capacidade para realizar 8.400 consultas ambulatoriais, 3.360 procedimentos cirúrgicos de alta complexidade e 2.400 quimioterapias por ano.
Gestão – Desde abril de 2012 a Secretaria de Estado de Saúde vem reorientando o modelo de gestão e atenção à saúde no Estado do Rio de Janeiro no intuito de melhorar a prestação dos serviços e a satisfação do usuário. A implementação dessa nova forma de administração tem como objetivos reduzir custo, melhorar a gestão e garantir um atendimento de qualidade à população. O Hospital Estadual da Criança foi viabilizado a partir de um contrato com a Rede D’Or, que cedeu o prédio – onde antes funcionava o Hospital Rio de Janeiro – e passa a gerenciar o serviço público através da Organização Social Instituto D’Or São Luiz, fornecendo todos os recursos humanos e materiais necessários ao adequado funcionamento do hospital, dentro dos parâmetros e diretrizes estabelecidos pela Secretaria.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro