13º International Uranium Film Festival – IUFF Rio 2024
International Uranium Film Festival acaba de selecionar os filmes para a sua 13ª edição que vai acontecer na Cinemateca do MAM Rio, de 25 de maio a 01 de junho de 2024. Dos 17 novos filmes, nove são dos Estados Unidos, sendo uma coprodução com Japão. Temos também dois filmes do Canadá e dois da França, sendo um deles co-produção com o Chile. A Irlanda, Índia, França, Alemanha estão presentes com um filme cada um, além da ma coprodução Escócia/Noruega. As produções femininas continuam em alta, com seis filmes este ano.
Lista dos filmes selecionados IUFF Rio 2024:
EUA, 2023, Diretor Jan Haaken, Documentário, 47 min, Inglês. Legendas em português.
A ideia do ATOMIC BAMBOOZLE surgiu da série NECESSITY – documentários que acompanham ativistas climáticos indígenas e não indígenas, enquanto eles lutam contra oleodutos, trens e terminais. Cada filme da série centra-se no uso que os ativistas fazem da defesa da necessidade de um julgamento com júri. Cathy Sampson-Kruse, um dos membros da “Confederated Tribes of the Umatilla Indian Reservation” e destaque no NECESSITY II, fala regularmente sobre os riscos dos pequenos reatores modulares (SMRS), juntamente com os impactos muito visíveis dos combustíveis fósseis. www.atomicbamboozle.com
“O filme inicia apresentando a instalação na década de 40 dos reatores de Hanford, estado de Washington, uns dos primeiros a serem construídos nos Estados Unidos. Tinham o objetivo de produzir antes de mais nada o plutônio que seria utilizado em 09/08/1945 na bomba largada em cima de Nagasaki. O ambiente lá foi intensamente contaminado, contaminação essa que atingiu a bacia hidrográfica e o Rio Columbia. A região foi até indicada para ser o cemitério nacional dos rejeitos nucleares de todos os reatores dos Estados Unidos. Vale a pena notar que a área dos reatores de Hanford invade ou vizinha parte dos territórios dos índios da reserva Umatilla e da nação Yakama. Ao longo desse rio, manifestações populares conseguiram parar com a construção do projeto Troia, outra implantação nuclear. Com as mudanças climáticas, o setor industrial nuclear se apresentou como a solução para geração de energia sem emissão de gases estufa. Nesse renascimento nuclear, diversas soluções novas para os antigos problemas foram apresentadas, como a refrigeração a sódio líquido (em vez de água) e a construção de pequenas centrais nucleares e até a combinação de centrais geradoras acoplando geração eólica, solar e nuclear (todas sem emissão de CO2), onde o nuclear seria ativado na ausência de vento ou de sol. Nenhuma dessas soluções resolvem os problemas originais da geração nucleoelétrica: altos custos, gravidade dos acidentes, proliferação de mini-usinas, geração de rejeitos nucleares ativos por milhares de anos. Essas “novas” soluções que têm até o apoio de Bill Gates é o que o filme qualifica justamente de “Enganação Atômica”. O filme é bastante esclarecedor para um público leigo ou descrente dos perigos que estão inerentes à essa tecnologia, cujos acidentes têm consequências que persistem por milhares de anos e que são muito mais graves do que acidentes associados aos demais modos de produção de energia.” Alphonse Kelecom, professor titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense – Laboratório de Radiobiologia e Radiometria. Consultor Técnico e membro permanente da Banca de Juri do Uranium Film Festival.
Jan Haaken é professor emérito de psicologia na Portland State University, psicólogo clínico e documentarista. Tem muitos anos de experiência com cinema de ação participativa – um método baseado no envolvimento intensivo com grupos e indivíduos apresentados nos seus documentários.
ATOMIC GODS: Creation Myths of the Bomb (Deuses Atômicos: Mitos de Criação da Bomba)
EUA, 2023, Roteirista/Diretor Adam Jonas Horowitz, mockumentary*, 54 min, Inglês. Legendas em português.
Um retrato satírico de J. Robert. Oppenheimer e o nascimento da bomba atômica. Navegando por um mundo de sonho entre o fato e o mito, combinando o Real com o Irreal, o Surreal e o Hiperreal; incluindo desenhos animados extremamente raros e inéditos. Sátira mordaz, ao mesmo tempo histórica e futurista, sombria e hilariante – um conto de fadas pós-nuclear.
Adam Jonas Horowitz é escultor, performer, artista de instalações públicas, cineasta de ficção e documentários. Formado pela Escola de Jornalismo da UC Berkeley. Premiado no Uranium Film Festival 2013, com o documentário “Nuclear Savage: The Islands of Secret Project 4.1”. Sua nova série de filmes satíricos e de ficção sobre tecnologia avançada e arrogância humana “Deuses Atômicos: Mitos de Criação da Bomba”, foi parcialmente financiada pela 516 Arts e pela Fundação Andy Warhol.
* O termo mockumentary refere-se a um tipo de comédia que retrata eventos fictícios usando um estilo documental para sátira ou paródia.
Atomic Reaction (Reação Atômica)
Canadá, 2023, Diretora Michele Hozer, Produtor Bernie Finkelstein, Documentário, Inglês, 90 min. Legendas em português.
A maioria dos canadenses não conhece toda a extensão do papel do seu país no Projeto Manhattan. Em 1943, o Presidente Franklin Roosevelt (Estados Unidos) e os Primeiros Ministros Winston Churchill (Grã-Bretanha) e Mackenzie King (Canadá) reuniram-se na cidade de Quebec para assinar um acordo que pôs em marcha um plano ultrassecreto para construir a primeira arma nuclear do mundo! Dois anos depois, o mundo entrou oficialmente na era atômica, quando a primeira bomba atômica foi detonada no deserto do Novo México, nos Estados Unidos. O Canadá foi um ator importante nesse evento histórico, mas surpreendentemente, setenta e cinco anos depois, uma pequena cidade no Canadá ainda está lidando com as consequências: a Reação Atômica!
Michèle Hozer trabalha como cineasta e editora no Canadá desde 1987, em mais de 50 documentários. Seu trabalho recebeu elogios dos mais prestigiados festivais de cinema do mundo, tendo dois filmes na lista do Oscar e ganhadora de vários Gemini, ganhou o Emmy de Melhor Documentário 2007 e o Prêmio de Público do Sundance Film Festival 2005, com o seu filme “Shake Hands with The Devil: The Journey of Roméo Dallaire”.
Building Bombs (New version / 4 k restoration) Construindo a bomba – restaurado em 4 K
EUA, 1989/2023, Diretores e Produtores Mark Mori e Susan J. Robinson, 55 min, documentário, inglês. Legendas em português.
Indicado ao Oscar (1991), agora com uma nova restauração cinematográfica em 4K, o filme revisita os dias de glória da era atômica, seu legado de resíduos nucleares e suas questões preocupantes ainda sem resposta. Histórias privilegiadas e imagens de arquivo raras revelam o funcionamento interno de uma das maiores usinas de bombas nucleares do mundo e o seu impacto no ambiente e nos corações humanos. De interesse histórico, o filme desencadeou um movimento de pessoas comuns e estrelas do rock que mudou a política nacional dos EUA. Com o abandono dos tratados nucleares pelas superpotências mundiais e o apelo à utilização de armas nucleares, “Building Bombs” fornece informações importantes e um impulso para resolver estas questões para o público de hoje.
Mark Mori e Susan J. Robinson são documentaristas indicados ao Oscar. Mark é produtor de televisão vencedor do Emmy, presidente da Single Spark Pictures e ex-presidente do Comitê de Documentários do Producers Guild of America. Ele escreveu e dirigiu documentários, reality shows e especiais para canais,como Fox TV, HBO, Showtime, BBC, PBS, Frontline, Discovery, A&E, Bravo, MSNBC, National Geographic e outros. Susan produziu, dirigiu e escreveu para TV e mídia governamental e é especialista em saúde pública, comunicação de riscos e envolvimento comunitário. Ela é especializada em documentários de longa e curta duração sobre questões ambientais e sociais.
Chernobyl Prayer (A Oração de Chernobyl)
Irlanda, 2020, Diretor e Produtor Christian Craughwell, Documentário, 5 min, Inglês. Legendas em português.
O filme é baseado no livro “Chernobyl Prayer: Voices from Chernobyl” de Svetlana Alexievich, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura em 2015. No Brasil, o livro foi publicado em 2016, pela Companhia das Letras com o título “Vozes de Tchernóbil. A história oral do desastre nuclear”.
“A dor do amor perdido de um pai, uma das primeiras vítimas do acidente de Chernobyl, cuja agonia foi lenta, mas irreversível. Essa mensagem tem um caráter universal: é a dor da perda de uma vida, no caso, devida a um acidente nuclear que jamais deveria ter acontecido. É a revelação que os efeitos da radiação são, dependendo da dose, implacáveis e sem cura.” Alphonse Kelekom.
Christian Craughwell mora no oeste da Irlanda. O seu trabalho foi exibido em festivais na Irlanda e nos EUA e também foi apresentado como parte da série da BBC4 ‘The Digital Human’.
Demon Mineral (Minério do demônio)
EUA, 2022, Diretora Hadley Austin, Produtor Nevo Shinaar. Diretor de fotografia Yoni Goldstein, Produtor de impacto Emma Robbins, Co-roteirista Tommy Rock, Documentário, 95 min, Inglês, Navajo. Legendas em português.
Sobre a vida no deserto radioativo da terra indígena Navajo/Diné, no sudoeste americano. Abrangendo uma paisagem perfurada por 532 minas de urânio. A água, o ar, as tradições e os meios de subsistência têm sido ameaçados pela contaminação nas últimas quatro gerações. Alguns Diné aderem ao princípio da sua história de origem: há um demônio que vive na terra. Ele está bastante satisfeito lá e não incomodará ninguém, a menos que seja perturbado, tendo sido colocado lá por um guerreiro formidável. Urânio, nos próximos milhões de anos, talvez seja esse demônio tornado real.
Hadley Austin é escritora, cineasta, fotógrafa, pesquisadora e produtora. Seu trabalho está enraizado na pesquisa histórica, na justiça social e no mundo natural. Tudo, desde corridas de trenós puxados por cães até apresentações de dança. www.hadleyaustin.com
Hardangerfolk (O Povo de Hardanger)
Escócia/Noruega, 2023, Diretor Gregor Douglas Sinclair, Produtor Matthew Smith, Elenco principal Øivind Tangstad, Documentário, 20 min, Inglês, Norueguês. Legendas em português.
Øivind Tangstad cresceu nas encostas do Hardangervidda, o planalto mais alto da Europa e uma das suas maiores áreas selvagens. Ele inspirou-se numa das histórias de aventura mais emocionantes e heróicas da era moderna: no inverno do início de 1943, 12 membros da Resistência Norueguesa esquiaram mais de 600 km através do planalto para evitar a criação de uma bomba atômica. Para marcar o 80º aniversário desta história surpreendente, que se tornou folclore na Noruega, Øivind lidera uma equipe expedicionária internacional para refazer os seus passos.
“O filme refaz a expedição de 1943 que teve como objetivo um ato de sabotagem para destruir no extremo norte da Noruega uma usina de obtenção de água pesada, elemento moderador na fissão nuclear, e que os nazistas construíram como parte do projeto de fabricação de uma bomba atômica alemã – que se alcançada teria dado um rumo diferente à 2ª Guerra Mundial. Esse fato heróico merecia ser lembrado. O filme parece apresentar uma expedição no Ártico norueguês até o momento em que aparece o cânion onde a queda é tão alta que produz água pesada. Única razão que motivou a invasão da Noruega pelo IIIº Reich. A ver para não se esquecer da história.” Alphonse Kelecom, professor titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense – Laboratório de Radiobiologia e Radiometria. Consultor Técnico e membro permanente da Banca de Juri do Uranium Film Festival.
Gregor Douglas Sinclair: Como diretor da premiada produtora Scotica, lidera equipes que criam filmes ambientais, de aventura e éticos, na Escócia e em todo o mundo. www.scotica.film.
Honeymoon in Oak Ridge (Lua de mel em Oak Ridge)
EUA, 2023, Diretor e Produtor Joe Tripician, Documentário, 20 min, Inglês. Legendas em português.
O realizador do filme Joe Tripician abre o baú das recordações para relatar o envolvimento dos seus pais, Dee & Nick, no Projeto Manhattan cujo objetivo era a construção da bomba atômica. Trabalharam em Oak Ridge, onde o urânio-235 foi enriquecido; a mãe estava lotada na segurança e o pai no desenvolvimento da eletrônica associada. Originalmente conhecido como Site X ou Clinton Engineer Works, a instalação nuclear acabou sendo renomeada como Oak Ridge. Com a promessa de empregos, a nova cidade atraiu dezenas de milhares de famílias, tornando-se a quinta maior cidade do Tennessee.
“O casal volta a Oak Ridge anos depois e nessa oportunidade ressurgem as recordações quando falam do absoluto sigilo sobre o que faziam, da segurança do empreendimento que mais se parecia com um campo de concentração, da falta de informações claras sobre a bomba, da pouca preocupação com os impactos, da vida toda limitada e vigiada, do racismo explícito no tratamento dos funcionários negros. Falam do choque que foi saber da tragédia que foi o lançamento da bomba no Japão e dos seus sentimentos a respeito de ter participado disso. O realizador entrevista as suas duas filhas sobre a bomba, suas consequências e como elas enxergam os avôs. Na visão delas, o fim não justifica os meios e o filme termina deixando uma dúvida sobre a verdadeira finalidade do lançamento das bombas nucleares no Japão, nem tanto para encerrar a guerra. Com imagens históricas raramente vistas, um filme interessante, principalmente para as jovens gerações”. Alphonse Kelecom
Joseph Tripician, também conhecido como Joe Tripician e Joe Trip, é um produtor , escritor, roteirista, diretor de cinema premiado com o Emmy, compositor, dramaturgo e performer americano. Estudou na American University e possui MFA (Master of Fine Arts) pela Columbia University. Em março de 1999, Tripician casou-se com Cecilia Tripician. Eles moram em São José dos Campos, São Paulo, Brasil, com suas filhas Helena e Olivia. en.wikipedia.org/wiki/Joe_Tripician
In Search of Resolution (Em busca de uma resolução)
EUA, 2023, Diretor/Produtor Robert E. Frye, Compositor Hayes Greenfield, Documentário, 80 min, Inglês. Legendas português.
No dia 16 de julho de 1945, às 5h26, no sul do Novo México, a explosão de teste “Trinity”, marcou o início da Era Nuclear, seguida três semanas depois por duas bombas atômicas. “Little Boy” e “Fat Man”. lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, matando mais de 200.000 seres humanos, deixando uma cicatriz na humanidade. Desde o início da era nuclear, alguns dos cientistas que criaram a bomba nuclear apelaram à sua abolição. William Johnston, um padre católico no Japão, resumiu a realidade atual: “Em suma, uma luta titânica está acontecendo no inconsciente coletivo da humanidade”. O objetivo deste documentário é contar essa história em forma narrativa, com as vozes das pessoas envolvidas no enfrentamento desta luta contínua.
Bob Frye nasceu em Syracuse, nos EUA, estudou Ciência Política e História. Durante a Guerra Fria, serviu no Exército dos EUA na Alemanha, por três anos. Em Nova York, na década de 1960, Frye começou sua carreira como produtor na ABC News, onde se tornou fundador e produtor executivo do „ABC World New Tonight“ com Peter Jennings. Também foi produtor executivo do Good Morning America e criador do „World News This Morning“. Desde sua experiência no Exército, passou a ter interesse vitalício sobre a questão da ameaça de uma guerra nuclear que se resumiu em seu documentário “In My Lifetime“. Com mais de 80 anos, diz que a obrigação de sua geração é falar sobre as armas nucleares, para deixar claro os danos indescritíveis que causaram e o seu potencial para acabar inteiramente com a vida no planeta.
“Provavelmente o melhor filme que vi tratando da não proliferação das armas nucleares”. Alphonse Kelecom.
Nuked
Canadá, 2023, Diretor, escritor e produtor Andrew Nisker, Documentário, 90 min, Inglês. Legendas em português.
No auge da Guerra Fria, os EUA detonaram 23 armas nucleares sobre o Atol de Bikini, num total de 67 nas Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico, cujas consequências repercutem ao longo de quatro gerações até hoje. O filme contrasta fortemente o registro oficial com a experiência vivida pelos próprios “bikinianos”, contando a história humana da corrida armamentista nuclear, numa luta contínua de 74 anos de um povo para sobreviver, desde a primeira detonação em 1946 até os dias atuais. Com imagens de arquivo cuidadosamente restauradas para ressuscitar as vozes dos ilhéus contemporâneos e justapondo-as com a fúria impressionante das detonações nucleares, “Nuked” é um importante contraponto ao Oppenheimer de 2023.
Andrew Nisker: “Faço filmes para inspirar as pessoas a agir, para revolucionar a forma como tratamos o meio ambiente e a nós mesmos. Nos últimos dez anos escrevi, dirigi e produzi quase uma dezena de documentários com foco em questões socioambientais, exibidos na CBC News, MTV e em artigos da The Atlantic, Now Magazine, POV Magazine, The Beam, Samaritan Magazine e The Hollywood Reporter. Em 2014, tive a sorte de ser convidado para realizar meu próprio TEDx Talk na Universidade de Toronto para compartilhar meus esforços em “tornar o invisível visível”. takeactionfilms.com.
Silent Fallout (Queda Silenciosa)
Estados Unidos/Japão, 2023, Director Hideaki Ito, Producer Rieko Tomomatsu, Naomi Sakai, Sachiko Kamakura, Chieko Watanabe, Narrator: Alec Baldwin, Documentary, 86 min, English, Legendas em português.
Em 2001, dentes de leite foram encontrados no Tyson Valley, em St. Louis, Estados Unidos. Eles faziam parte de 320 mil dentes de leite coletados por um projeto de meio século antes. Poucas pessoas sabem agora que o território continental dos EUA é radioativo. Os EUA conduziram mais de 100 testes nucleares atmosféricos em seu próprio território e mais de 100 no Pacífico, entre as décadas de 1940 a 1960. Ironicamente, grandes quantidades de material radioativo gerado pelos testes nucleares acabaram em solo dos EUA. A enorme quantidade de material radioativo produzido pelas explosões nucleares foi levada pelo vento por todo o continente, onde caiu no chão sob a chuva e a neve, contaminando pastagens, vegetais e água. Por toda parte, houve relatos de contaminação radioativa. O leite era uma fonte especial de preocupação, visto que era considerado uma fonte essencial de nutrição para as crianças. Os bebês, em particular, são extremamente suscetíveis à radiação. O leite das vacas alimentadas em pastagens contaminadas continha quantidades abundantes de Estrôncio 90. O estrôncio entrava no corpo das crianças, permanecendo nos seus ossos, emitindo radiação que ataca as suas células. Os nervos das mães estavam à flor da pele. Nessa altura, cientistas e mães em St. Louis lançaram um ambicioso projeto para medir o Estrôncio 90 nos dentes de leite para descobrir se os seus filhos estavam expostos. O filme conta a história da desconhecida contaminação radioativa dos Estados Unidos. Escrito, dirigido, filmado, editado e produzido por Hideaki Ito, com o apoio de uma bolsa da Agência para Assuntos Culturais do Governo do Japão.
Declaração do Diretor: “Como diretor de TV, acompanho esse tema desde 2004. Minha história começou com pescadores japoneses irradiados. Mais de 100 testes nucleares atmosféricos no Oceano Pacífico foram realizados em zonas de pesca de atum. Pelo menos 200 mil pescadores que operam nessas águas foram gravemente afetados e muitos morreram. Procuramos sobreviventes e famílias enlutadas para entrevistar. Tive que enfrentar a resistência deles para falar sobre suas experiências. Queriam proteger os seus meios de subsistência – a capacidade de continuar a pescar atum e a vendê-lo, e evitar a discriminação por serem irradiados. Aos poucos, meu trabalho como diretor de TV também se transformou em pesquisador e depois em ativista. No processo, descobri que a radiação dos testes nucleares no Oceano Pacífico tinha contaminado não só as ilhas, mas também o continente americano e o arquipélago japonês”.
Hideaki Ito nasceu em 1960 na província de Ehime, Japão. Documentarista e diretor de televisão. Começou a trabalhar na produção de filmes artísticos na década de 1990. Os filmes de Ito foram exibidos em várioas festivais internacionais de cinema, incluindo Berlin Music Video Awards e Vancouver International Film Festival. Em 2004, Ito soube que mais de 200 mil pescadores japoneses de atum tinham sido expostos à radiação dos testes nucleares do Pacífico. Desde então, produz vídeos sobre o assunto quase todos os anos, como parte de um projeto FALLOUT! PROJECT 22 https://fallout22.com/
SOS – The San Onofre Syndrome: Nuclear Power’s Legacy (SOS – Síndrome de San Onofre: o legado da energia nuclear)
EUA, 2023, Diretores James Heddle, Mary Beth Brangan e Morgan Peterson, produzido por Mary Beth Brangan, produção EON – The Ecological Options Network, Documentário, 100 min, inglês. Legendas em português.
Uma história oportuna e urgente com implicações globais. Filmado ao longo de 12 anos, o documentário narra como os residentes do sul da Califórnia, nos Estados Unidos, se uniram para forçar o fechamento de uma antiga usina nuclear, apenas por serem confrontados com uma realidade alarmante: toneladas de resíduos nucleares deixadas perto de uma praia popular, com radioatividade por milhões de anos, ameaçando as gerações presentes e futuras. O filme retrata San Onofre como um microcosmo deste problema nacional: a má gestão de resíduos radioativos letais.
Esta é uma síndrome partilhada por todos os 55 locais de reatores nucleares nos Estados Unidos, com suas toneladas de resíduos altamente radioativos a durar por milênios, armazenados em containers temporários inadequados e sem plano para reparação, colocando, portanto, as comunidades locais e a segurança nacional em grave risco. SOS destaca o papel essencial que os cidadãos devem desempenhar para garantir que a segurança pública seja a principal prioridade.
James Heddle e Mary Beth Brangan, parceiros de vida e de trabalho, são premiados produtores, educadores e organizadores de documentários e rádios. Eles codirigem a EON, a Rede de Opções Ecológicas, produzindo documentários, reportagens em vídeo e blogs sobre questões, ativistas e organizações que trabalham globalmente em busca de soluções para desafios planetários. Nas últimas três décadas, as produções de Brangan e Heddle foram transmitidas e excursionadas nacional e internacionalmente; exibidas no Congresso dos Estados Unidos, nas Nações Unidas, na PBS, ABC e CNN, utilizadas em parlamentos, universidades, bibliotecas e ONGs em todo o mundo. Seus trabalhos foram homenageados nos festivais de cinema de Sundance, American, San Francisco Asian-American, Dallas, Hawaii International, Margaret Mead, entre outros.
The Forgotten Nuclear Victims (Les oubliés de l’atome) As Vítimas Nucleares Esquecidas
França/Polinésia Francesa, 2023, Diretora Suliane Favennec, Produtora Valérie Montmartin, Documentário, 56 min, Idioma original: francês, taitiano. Legendas em inglês. Legendas Português.
De 1950 a 1990, a França, os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram centenas de bombas nucleares nas ilhas do Pacífico. Ao custo de sacrificar as populações locais. Cada país espera pelo desaparecimento silencioso das vítimas da primeira geração. Mas o átomo deixa mais vestígios do que o esperado. Anormalidades e patologias genéticas aparecem nas novas gerações. Quando cessarão os efeitos do bombardeio? Qual é o futuro das novas gerações? Os principais países nucleares estão dispostos a pagar? Impulsionados pela sua convicção e ajudados por personalidades políticas e científicas, os filhos e netos do átomo respondem contra estas grandes nações.
Suliane Favennec é fotojornalista independente. Sua reportagem “Les oubliés de la bombe” / Os esquecidos da bomba) foi publicada no Le Parisien. Atualmente Suliane vive entre o Pacífico e a França.
EUA/Vanuatu, 2023, Diretor Philippe Carillo, Documentário, 52 minutos, Inglês. Legendas em português.
A história não contada do desastre nuclear de Fukushima e os fatos sobre a energia nuclear. Philippe Carillo investiga profundamente os horrores ocultos e as consequências duradouras desta tragédia ambiental evitável e expõe as informações vitais deliberadamente suprimidas pela mídia e pelo governo japonês.
Philippe Carillo trabalhou em vários projetos de documentários importantes para a BBC, 20th Century Fox e TV Nacional Francesa, e em produções de filmes independentes, como engenheiro de som, pós-produção e designer de som. Em 2004, mudou-se da França para Hollywood e criou uma produtora de eventos e filmes de sucesso. Em 2013, realizou seu primeiro longa-metragem “Inside the Garbage of the World” (Por Dentro do Lixo do Mundo), que ganhou 3 prêmios. O filme, distribuído mundialmente, provocou uma onda de ação em relação à poluição plástica. Mora no arquipélago de Vanuatu, desde 2017. Philippe já realizou mais de 150 curtas-metragens. Em 2022, decidiu finalizar seu longa-metragem sobre Fukushima, iniciado em 2016, devido à emergência da situação.
Kelecom: “O filme aborda uma explicação meio ruim sobre radiações. Mas a seguir, a segunda parte é excelente. São corretíssimas as falas da Sra Dra Hellen Caldicott, do casal Gundersen e do médico Dan Harper. Todos os seus questionamentos são pertinentes e as explicações corretas. É quando o filme se afasta um pouco do acidente de Fukushima para abordar a questão nuclear como um todo. E dái que o título do filme poderia ter sido outro tipo “Do acidente de Fukushima e, as mentiras do setor nuclear à questão da energia nuclear, seus danos sociais e ambientais”
Jadugoda – The Land of Magic (Jadugoda – A Terra da Magia)
Índia, 2023, Diretor Satish Munda, Produtor, Rajat Agrawal, Elenco Principal, Harish Khanna, Chanda Mehra, Conto de ficção, 20 min, Hindi, legendas em inglês e protuguês.
Jadugoda significa a terra da magia. É uma cidade no distrito de East Singhbhum, em Jharkhand, na Índia. Em 1998, a cidade de Jadugoda está na vanguarda da Índia na mineração de urânio. O impulso econômico catalisa o sonho da nação de estabelecer o seu nome na lista das forças nucleares mais poderosas do mundo. Devido a isso, Jadugoda está sendo continuamente envenenada pelo depósito de mineração de urânio. Independentemente do desejo de energia nuclear e de guerra geopolítica, os povos pobres e inocentes da cidade, que pretendem viver de forma simples, sofrem diariamente com estas radiações. Os homens estão ficando com cicatrizes e aleijados enquanto as mulheres dão à luz crianças deficientes ou natimortas. Muitas mulheres também sofrem de infertilidade. Como resultado, as famílias das cidades e aldeias vizinhas não estão dispostas a casar os seus filhos com qualquer pessoa desta aldeia, especialmente com mulheres. Nestes tempos infelizes, Dama, um agricultor de 45 anos, que reside na aldeia indígena Dungridih, sonha em casar a sua única filha, Rupni. Ele está exultante por ter recebido uma proposta de casamento de uma família próspera para sua filha, mas nas 24 horas anteriores à visita à sua casa, sua ansiedade aumenta a cada minuto que passa, pois sua maior preocupação é manter escondida a condição da aldeia.
“Um filme que faz pensar na outra dimensão do desenvolvimento tecnológico.” Alphonse Kelecom.
Satish Munda: criado em Ranchi, Jharkhand, Índia. Formado pelo Instituto de Cinema e Televisão da Índia (FTII), em 2016, com especialização em Direção. Junto com sua vasta experiência em direção de teatro e cinema, Munda possui um estilo distinto de contar histórias que o diferencia de outros jovens cineastas. Antes de embarcar em sua jornada cinematográfica, Munda concluiu um MBA em Marketing. as diversas experiências de vida de Munda o inspiram a trazer um novo.
Alemanha, 2023, Diretor e Produtor: Moritz Enders, Documentário, 26 minutos, Idioma Original: Sérvio/Alemão, Legendas em português.
Durante a guerra no Kosovo contra a ex-Jugoslávia, a NATO utilizou toneladas de munições de urânio. Desde então, uma epidemia de câncer assola o local. O advogado Srdjan Aleksic não está preparado para aceitar isto – e quer processar a aliança militar. Ele tem alguma chance em sua luta por justiça? No documentário, o diretor Enders acompanha o advogado Srdan Aleksić, cuja própria família foi afetada pelas consequências do uso de armas de urânio empobrecido durante a guerra da Iugoslávia, em 1999, e que atualmente enfrenta diversos processos judiciais. O Dr. Aleksić está a utilizar meios legais para ajudar as numerosas vítimas dos bombardeamentos da NATO a receberem uma compensação material pelos danos que lhes foram causados. Mais informações (em inglês): www.zeit-fragen.ch/en/archives/2023/nr-25-28-november-2023/die-wahrheit-ueber-abgereichertes-uran-vor-gericht-beweisen
“Em 1999, as forças da OTAN bombardearam áreas da atual Sérvia durante as guerras de desmembramento da ex-Iugoslávia. Foram utilizadas armas fabricadas com Urânio empobrecido (DU=depleted uranium) cuja dureza e alta densidade possibilitam furar as carapaças dos blindados. Tais armas já tinham sido utilizadas pela primeira vez pelos Estados Unido e Reino Unido na primeira Guerra do Golfo em 1991. Resultou para a população conviver com os efeitos biológicos a longo termo da radiação ionizante. Milhares de pessoas foram acometidas por diversos tipos de cânceres e os sobreviventes temem pela saúde dos seus filhos. Esse novo tipo de uso de armas nucleares que por não produzirem explosões e cogumelos nucleares, parecem menos perigosas, mas são igualmente perversas.” Alphonse Kelecom.
Walkatjurra : Our actions will never stop (Walkatjurra: Nossas ações nunca vão parar)
Chile/França, 2023, Diretoras Francisca Silva Bravo e Carole Risler, Produtora: Alessandra Cristina, documentário, 1 hora e 11 minutos, Inglês, Francês, Espanhol. Legendas em português.
É o 70º aniversário do primeiro teste nuclear em território indígena australiano e as comunidades aborígenes apelam a ativistas de todo o mundo para realizarem uma caminhada antinuclear de 200 km pelo deserto. Entre eles, os diretores deste documentário se unem para registrar esta caminhada, que busca acabar com a extração de urânio, mineral com o qual são produzidas as bombas atômicas. Que atitude tomaremos como humanidade diante da possibilidade de criação e destruição? Francisca Silva Bravo é documentarista independente chilena. “Walkatjurra: Nossas ações nunca vão parar”, é um documentário de 2023 codirigido pela cineasta francesa Carole Risler. Esta foi filmada em alguns territórios aborígenes australianos, onde o urânio é extraído. Walkatjurra é um convite dos realizadores a meditar sobre uma cultura mais não violenta para proteger a vida e a sua evolução.
Francisca Silva Bravo: Estudando Jornalismo, Francisca reconheceu um profundo interesse pela linguagem audiovisual, que identificou como uma poderosa ferramenta de comunicação artística a serviço das mulheres, das diversidades e dos povos indígenas. Aliando o gosto pela investigação, pela memória e por diferentes culturas, realizou os documentários “Mulheres pela vida, democracia no país e em casa”, “The Spirit of Machi”, \”Whakapapa\” na Nova Zelândia, “Wallkatjura: Passing the Knowledge”, na Austrália e \”La Partitura\”, participando nos festivais LEBU, INEDIT e FECILS. Também se aventurou na fotografia, videoclips, vídeo comercial e comunicação política.
Jornalista pela Universidade Diego Portales (Chile), Introdução ao documentário e Direção no Centro Cultural Ricardo Rojas-UBA (Buenos Aires, Argentina), Roteiro no Sindicato da Indústria Cinematográfica Argentina, Seminário de Cinema Documental Patricio Guzmán no Instituto de Comunicação e Imagem da Universidade do Chile.
Carole Risler é co-diretora e roteirista do documentário “Walkatjurra”. Mestre em Ciências da Linguagem (Université de Franche-Comté, Gesançon) e Mestre em Filosofia, Ética e Política pela Universidade de Sorbonne (Paris). Foi professora do Institut Français no Chile e atualmente é professora em Toulouse (França).
Contacte-nos para qualquer dúvida ou sugestão…uraniofestival@gmail.com