Tuberculose e AIDS: o que saber sobre as duas doenças
Pensou em HIV, lembre da tuberculose. Essa combinação é a principal causa de mortes entre pessoas vivendo com HIV/AIDS no país, segundo o Ministério da Saúde. No estado do Rio de Janeiro, as duas apresentam um cenário preocupante e levam vítimas a viverem escondidas, por conta da discriminação e do preconceito. Engana-se quem pensa que tuberculose é coisa do passado, todos os anos, 800 pessoas morrem vítimas da doença no Rio. A AIDS, apesar de ter tratamento, não tem cura, e atinge cada vez mais os jovens. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), pessoas que vivem com o HIV têm entre 20 a 30 vezes mais chances de desenvolver tuberculose ativa do que as pessoas sem a infecção.
O superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde responde algumas perguntas sobre prevenção, sintomas e tratamento das duas doenças.
O que é tuberculose?
Alexandre Chieppe: A tuberculose é uma doença infecciosa transmissível através do contato com secreções respiratórias de uma pessoa portadora da doença. É causada por uma bactéria que afeta principalmente os pulmões, porém pode acometer outros órgãos e sistemas do corpo.
Como é a transmissão da doença?
Alexandre Chieppe: A transmissão da tuberculose acontece pelo ar, pela respiração. Quando uma pessoa contaminada tosse, fala ou espirra, ela pode expelir gotículas contaminadas com o bacilo de Koch, a bactéria da tuberculose. Essas gotículas podem contaminar outras pessoas. Isso ocorre principalmente em ambientes com pouca ventilação e ausência de luz solar.
Quais são os principais sintomas?
Alexandre Chieppe: Tosse persistente (por mais de três semanas), cansaço, emagrecimento, febre vespertina, perda de apetite e sudorese noturna.
Pode-se pegar tuberculose mais de uma vez?
Alexandre Chieppe: Sim, não existe imunidade permanente contra a tuberculose.
Pneumonia ou gripe mal curadas podem causar tuberculose?
Alexandre Chieppe: Não, a tuberculose é uma doença causada por uma bactéria e as gripes por um grupo de vírus. Não há qualquer relação entre as doenças, exceto pelo fato de terem forma de transmissão muito semelhantes.
Como é o tratamento?
Alexandre Chieppe: O tratamento da tuberculose é feito por medicamentos que devem ser tomados todos os dias durante seis meses, pelo menos. É fundamental garantir que o tratamento não seja interrompido. Ele deve ser acompanhado por consultas médicas na unidade de saúde mais próxima da residência da pessoa. Na maioria dos casos, não é necessário internação.
É preciso separar copos, talheres, pratos e outros utensílios do paciente com tuberculose?
Alexandre Chieppe: Não. Isso é uma questão que reforça o preconceito. Não há transmissão do bacilo da tuberculose através do compartilhamento de utensílios, por que a contaminação é feita pelo ar. Vale explicar, que o bacilo da tuberculose que saiu de um pulmão de uma pessoa e foi engolido por outra pessoa não causa tuberculose.
O que pode ser feito para prevenir a tuberculose?
Alexandre Chieppe: É importante identificar rapidamente as pessoas contaminadas pelo bacilo da tuberculose para tratá-las e, assim, reduzir as chances de contaminação do ambiente. Também é importante que qualquer pessoa ao tossir ou espirrar tenha o cuidado de proteger a boca ou o nariz. Além disso, para prevenir a tuberculose, é importante melhorar as condições de habitação para diminuir as chances de transmissão.
É verdade que as condições da casa são importantes para prevenir a tuberculose?
Alexandre Chieppe: Sim. Uma casa limpa, bem arejada e iluminada pela luz do sol reduz a chance de transmissão da tuberculose. Muitas pessoas dormindo no mesmo quarto em casas mal ventiladas e pouco iluminadas aumenta o risco de contágio.
Vacinação é uma boa prevenção?
Alexandre Chieppe: A vacina BCG é muito importante. Quando ela é aplicada no primeiro mês de vida, é capaz de prevenir as formas mais graves da doença, principalmente nas crianças. Ela não protege, entretanto, contra as formas pulmonares nos adultos, que é a mais comum.
Quais são os exames necessários para diagnosticar a tuberculose? Podem ser feitos pelo SUS?
Alexandre Chieppe: O diagnóstico da tuberculose é feito através de exames clínicos e laboratoriais, principalmente o exame de escarro. Também existem exames complementares que auxiliam o diagnóstico da doença, como: raio-x, tomografia, broncoscopia e a prova tuberculínica. Todos eles devem estar disponíveis nas unidades públicas de saúde.
O doente com tuberculose deve fazer o teste para AIDS?
Alexandre Chieppe: Sim. É recomendável que todas as pessoas que tenham o diagnóstico de tuberculose realizem o teste da AIDS. Muitos casos de tuberculose ocorrem facilitadas pela queda da imunidade que a AIDS causa. Além disso, somente com o teste é possível fazer o diagnóstico da infecção pelo HIV e, assim, iniciar o tratamento.
A tuberculose tem cura?
Alexandre Chieppe: Sim. A tuberculose tem cura desde que os remédios sejam tomados corretamente até o final do tratamento. Além disso, é importante salientar que após 15 dias após o tratamento, a pessoa deixa de transmitir a doença.
Por quanto tempo os remédios são usados?
Alexandre Chieppe: Os remédios devem ser tomados por um período de seis meses. Em alguns casos mais complicados, pode ser necessário mais tempo de tratamento.
O que acontece quando se abandona o tratamento?
Alexandre Chieppe: Os sinais e sintomas da doença voltam e pode existir a seleção de bacilos resistentes aos medicamentos utilizados. Nesse caso, pode ser necessário maior tempo de tratamento, diminuindo assim as chances de cura.
O doente com tuberculose pode trabalhar?
Alexandre Chieppe: Sim, ele deve trabalhar. Em geral, recomenda-se que a pessoa se mantenha afastada de 15 a 30 dias após o início do tratamento. Porém, após esse período é importante que ela volte a sua rotina.
As pessoas que moram com doente com tuberculose também precisam se tratar?
Alexandre Chieppe: Não necessariamente se tratar, mas todas as pessoas que convivem diariamente com alguém que recebeu diagnóstico de tuberculose pulmonar, devem ser avaliadas no serviço de saúde.
O que é AIDS?
Alexandre Chieppe: AIDS é a síndrome da imunodeficiência adquirida. É uma doença causada pelo vírus HIV e que faz a imunidade da pessoa cair, o que deixa a vulnerável a todos os tipos de infecção.
Quais são os primeiros sintomas da AIDS?
Alexandre Chieppe: Os primeiros sintomas dependem de qual infecção oportunista que apareceu. Pode ser desde de um quadro de uma tuberculose pulmonar, um quadro de candidíase, ou casos mais graves como: neurotoxoplasmose e alguns tipos de câncer.
Os primeiros sintomas da AIDS podem ser confundidos com os de outras doenças?
Alexandre Chieppe: Na verdade, a AIDS não tem sinais e sintomas específicos. Ela é uma síndrome que causa queda na imunidade, por conta disso, várias outras doenças podem aparecer. Por isso que é importante fazer o diagnóstico do HIV precocemente, antes que a pessoa desenvolva alguma doença.
Ainda existe um grupo de risco?
Alexandre Chieppe: Não existe um grupo de risco. Hoje existem comportamentos de risco. O uso irregular do preservativo, compartilhamento de seringas ou agulhas contaminadas, enfim, são condutas que podem favorecer a contaminação pelo HIV.
Como deve ser a prevenção?
Alexandre Chieppe: A prevenção do HIV se dá através do uso regular e consistente dos preventivos, tanto a camisinha masculina quanto a feminina. Além da medicação para as pessoas que já são portadoras do HIV para evitar que o bebê nasça com o vírus. Hoje a principal medida de saúde pública pra a prevenção pelo vírus HIV é o uso do preservativo.
Como é o teste para detectar o vírus HIV? E onde pode ser feito?
Alexandre Chieppe: O teste do HIV é extremente simples e rápido. Hoje, em 15 minutos, é possível obter o resultado através de um simples furo no dedo. Ele está disponível na rede pública de saúde, e deve ser feito por qualquer pessoa que tenha tido uma relação desprotegida
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br