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Ana Maria, uma vida salvando vidas

Aposentada moradora de Nova Iguaçu nasceu com uma mutação genética raríssima no sangue, que a deixa com fator de Rh nulo. Sempre que há alguém com fator nulo precisando de transfusão de sangue emergencial, a equipe de captação do Hemorio entra em contato e ela se apresenta. Dona Ana já salvou vidas de pessoas de diversas partes do Brasil e até do mundo

ana_maria_fator_rh_nuloMoradora de um pequeno bairro chamado Santa Rita, no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Ana Maria da Silva é uma senhora de 60 anos, mãe de dois filhos já criados e, mesmo aposentada, ainda trabalha em uma creche para ajudar nas despesas domésticas. Sua história é muito parecida com a de milhões de brasileiros, que muitas vezes são como heróis driblando as dificuldades no seu dia-a-dia. No caso de Dona Ana, o adjetivo heroína não poderia lhe cair tão bem.  Afinal, heróis não são aqueles seres que tem superpoderes e que os utilizam para ajudar o próximo?

Ana Maria nasceu com uma mutação genética raríssima no sangue que faz com que não sejam produzidas na superfície de seus glóbulos vermelhos uma proteína do fator Rh.  Todos nós possuímos essas proteínas, que através de combinações, podem ser classificadas entre positivas e negativas.  Por isso que são definidos, entre os indivíduos, a classificação dos grupos sanguíneos através do sistema ABO, descobertos em 1900 pelo austríaco Karl Landsteiner.  Da combinação entre o sistema ABO e fator Rh, podemos encontrar os chamados doador universal (O negativo) e receptor universal (AB positivo).  No Brasil, a maioria da população possui sangue do tipo O positivo.  No caso de D. Ana, como seu organismo não apresenta essas proteínas em suas hemácias, podemos classificar seu sangue com um fator Rh nulo.

Justamente por ser muito raro (em torno de 1 para cada 100 mil pessoas), Dona Ana tornou-se especial.  Sempre que há alguém com fator nulo precisando de transfusão de sangue emergencial, a equipe de captação do Hemorio entra em contato e ela, sempre disposta, vem ao hemocentro realizar a doação.

A primeira vez – Foi em 1999 e desde então, Ana Maria já foi chamada 10 vezes para ajudar a salvar vidas.  Em 2011, a doação de Dona Ana superou inclusive, as barreiras geográficas.  Uma mulher grávida, internada em um hospital na Escócia, estava necessitando de uma doação de sangue com o fator nulo e a solidariedade dela se fez presente mais uma vez.

Em quase todas, Dona Ana nem soube quem recebeu a bolsa de sangue.  A exceção foi em 2003, quando doou para uma menina em Curitiba, recém-nascida.  Com o seu gesto, a pequena paciente ficou curada e até hoje, dez anos depois, as duas sempre se falam em datas especiais, como uma forma de gratidão, que, para ambas, será para sempre.

Hoje (28), Dona Ana veio atender ao chamado de uma paciente de Belo Horizonte.  E, mais uma vez, saiu satisfeita e esperançosa em saber que está ajudando pessoas com um gesto tão simples.

– Quando me chamam, eu venho aqui com o maior prazer e é gratificante saber que mais uma vez posso salvar a vida de outra pessoa… vou torcer para que ela fique boa logo – disse emocionada, D. Ana, que voltou para casa com o dever cumprido de ter sido a heroína que tantos aguardam.

Hemorio – É o hemocentro coordenador do Estado do Rio de Janeiro, que abastece com sangue e derivados cerca de 180 unidades de saúde, entre elas, as grandes emergências, maternidades e UTIs. No Rio de Janeiro, ainda há mais 26 unidades de coleta de sangue coordenados tecnicamente pelo Hemorio. Os endereços e horários de funcionamento dos postos podem ser obtidos através do Disque Sangue (0800 282 0708) que também esclarece outras dúvidas e agenda doações com hora marcada.

Você sabia? – A solidariedade mora na Baixada Fluminense e na Zona Norte do Rio. Pesquisa realizada pelo Hemorio revela que 64% das bolsas de sangue que abastecem as grandes emergências do estado saem das veias dos moradores destas duas localidades. A maioria dos doadores, cerca de 70%, tem renda familiar entre um e cinco salários mínimos. Na capital carioca, os bairros da Zona Sul aparecem na lanterna da solidariedade. A região, que conta com 570 mil moradores, tem apenas 5% de doadores segundo a pesquisa. Proporcionalmente, possui a menor taxa de participação. Bairros nobres como Leblon, Jardim Botânico e Lagoa sequer aparecem na amostragem.

Quem pode doar sangue? – Para ser um doador de sangue, o voluntário precisa estar bem de saúde, deve trazer um documento oficial de identidade com foto, ter entre 16 e 68 anos e pesar mais de 50 quilos. Não é necessário estar em jejum. O candidato deve somente evitar alimentos gordurosos nas 4 horas que antecedem a doação e as bebidas alcoólicas 12 horas antes. Jovens com 16 e 17 anos só podem doar com autorização dos pais ou responsáveis. O modelo da declaração pode ser adquirido através do site do Hemorio – www.hemorio.rj.gov.br.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br