Enquanto mulheres ficam sem exame, fiscal encontra mamógrafo novo encaixotado
O fiscal Tiago Jasper, do Conselho Regional de Técnicos em Radiologia de Santa Catarina (CRTR 11ª Região) encontrou, em uma de suas rotas de fiscalização, um mamógrafo novo, que sequer foi instalado. O equipamento vai completar um ano sem utilização no Pronto Atendimento 24h do município de Barra Velha/SC, que já havia sido notificado pela ausência do Supervisor de Aplicação das Técnicas Radiológicas (SATR).
Ao saber que as mulheres da cidade estavam tendo que se deslocar para outras cidades para fazer mamografia, o agente pediu explicações do secretário de Saúde do município, o senhor Nelson Feder Junior. A justificativa dada ao Regional é de que, por falta de condições financeiras, a prefeitura não iria ativar o equipamento e o mesmo seria devolvido.
“Uma funcionária do local me informou que colocou um papel de plástico-bolha no equipamento, com pena por ele ser novo e estar parado. Fiquei me questionando sobre o porquê dessa situação. Obrigar as pacientes a se deslocarem para municípios vizinhos por conta do exame de mamografia, sendo que há um equipamento novo na cidade. É um descaso sério com a população”, desabafa Tiago Jasper.
Antes da publicação desta matéria, nossa reportagem entrou em contato, por telefone, com o Pronto Atendimento 24h de Barra Velha/SC, para saber mais sobre a situação do mamógrafo. A informação dada por um funcionário é de que não há profissionais legalmente habilitados na unidade para operar o equipamento.
Para a presidenta do CRTR 11ª Região Vanderléia da Silva, o argumento é inválido. “Nosso estado possui Técnicos e Tecnólogos em Radiologia formados em número o suficiente para suprir toda a demanda do serviço público e privado. Principalmente, na área de mamografia, pois realizamos a especialização desses profissionais de forma continuada. Diante de um problema como este, fica claro que o problema é de gestão”, argumenta.
A realidade de equipamentos novos e paralisados não é apenas em Barra Velha. Para se ter uma ideia, de acordo com auditoria feita pelo Ministério da Saúde em 2011, o Sistema Único de Saúde (SUS) contava, naquela altura, com 1.514 mamógrafos em todo o país. Desses, 223 estavam quebrados, 111 com baixa produtividade, 85 com defeito e 27 nunca haviam sido colocados para funcionar, estavam embalados, como o equipamento encontrado em Santa Catarina.
FONTE: CONTER
http://www.conter.gov.br/