Estudo desenvolvido no Hospital Estadual da Mãe é divulgado em revista médica internacional
Diretor da unidade do Governo do Estado desenvolveu estudo sobre HTLV, um vírus da família do HIV ainda pouco conhecido da população, mas que está se espalhando nas mulheres e pode facilitar o aparecimento de linfomas e doenças neurológicas
Um estudo desenvolvido por uma equipe de pesquisadores e médicos, entre eles, o diretor do Hospital Estadual da Mãe, em Mesquita (HEM), Sergio Teixeira, em parceria com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), sobre infecção pelo vírus HTLV 1 e 2 em mulheres da Região Metropolitana do Rio de Janeiro foi divulgado pela revista Plos Neglected Tropical Diseases, que tem impacto 1 no meio científico, ou seja, o nível máximo de credibilidade na área médica internacional.
O artigo intitulado Prevalence of HTLV-1/2 in Pregnant Women Living in the Metropolitan Area of Rio de Janeiro apresenta o resultado do estudo desenvolvido entre novembro de 2012 e abril de 2013, envolvendo 1.204 mulheres – sendo 931 pacientes atendidas no Hospital Estadual da Mãe. Deste total, foram identificados oito casos positivos, sendo sete para o vírus HTLV 1 e um para o HTLV 2. A análise dos dados indicou uma prevalência significativa do vírus nas mulheres analisadas e a conclusão sugere a necessidade de se fazer um rastreio universal durante o pré-natal.
– Para se ter uma ideia do que este quantitativo representa, segundo dados do Ministério da Saúde de 2012, o percentual de gestantes no Brasil que apresentam o vírus da sífilis é de 1,6%, número considerado alto e de exame obrigatório na gestação. Pelos nossos estudos, o HTLV 1 e 2 já representa mais de 1/3 do percentual de infectados pela sífilis, ou ainda, em outra comparação, o HTLV tem estatística similar ao vírus HIV no Brasil. Queremos que este trabalho forneça subsídio para a elaboração de estratégias públicas de saúde que beneficiem à população – explica Sérgio Teixeira.
Os demais responsáveis pelo estudo são Denise Leite Maia Monteiro, Stella Regina Taquette, Danielle Bittencourt Sodré Barmpas, Nádia Cristina P. Rodrigues, Lucia Helena C. Villela, Márcio Neves Bóia e Alexandre José Baptista Trajano.
Sobre o HTLV – O HTLV é um retrovírus similar ao HIV, ambos da mesma família. Existem dois tipos de vírus: HTLV 1 e HTLV 2, que facilitam o aparecimento de linfomas e doenças neurológicas. Não existe tratamento para eliminar o vírus do organismo infectado. Por isso, o tratamento é feito nas doenças correlacionadas ao retrovírus HTLV.
Tomar conhecimento da infecção é de fundamental importância para que se possa fazer a interrupção da cadeia de transmissão, ou seja, impedindo a proliferação do vírus. O HTLV é transmitido sexualmente, por transfusão de sague, uso de seringas e agulhas compartilhadas ou durante a gestação, parto e aleitamento, por isso, o ideal é que todas as gestantes tenham acesso ao teste, que hoje não é obrigatório.
Investimento em educação – Em novembro de 2013, outros dois estudos “Óbitos Fetais por Sífilis” e “Epidemiologia dos Óbitos Fetais” foram desenvolvidos pelo corpo clínico do Hospital Estadual da Mãe e apresentados no 55º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia.
Os assuntos foram escolhidos em função da alta indecência de pacientes com Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e as condições de saúde das gestantes na Baixada Fluminense. Os dados foram coletados entre 1.200 mulheres, por meio de entrevistas, análise laboratorial e de prontuários.
Nos resultados obtidos sobre a incidência de sífilis, por exemplo, foi possível observar que apenas 28,6% das gestantes realizaram teste para identificar a presença da doença durante o pré-natal e que no momento da internação, 37,8% delas obtiveram resultado positivo para a presença da doença. O tratamento da sífilis durante o pré-natal poderia reduzir a incidência de casos de morte de bebês ou o número de partos prematuros.
Com pouco mais de dois anos de inaugurada, a unidade tem como pilares a qualidade da assistência prestada aos pacientes e o investimento contínuo em educação e capacitação dos profissionais. O HEM mantém um Centro de Estudos e Pesquisas, com palestras mensais sobre Saúde, abertas à equipe, estudantes e profissionais que trabalhem em unidades próximas.
Gestão – Desde abril de 2012, a Secretaria de Estado de Saúde vem reorientando o modelo de gestão e atenção à saúde no Estado do Rio de Janeiro no intuito de melhorar a prestação dos serviços e a satisfação do usuário. A implementação dessa nova forma de administração tem como objetivos reduzir custo, melhorar a gestão e garantir um atendimento de qualidade à população. O Hospital Estadual da Mãe, em Mesquita, passou a ser gerenciado pela Organização Social de Saúde Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (OSS HMTJ), fornecendo todos os recursos humanos e materiais necessários ao adequado funcionamento do hospital, dentro dos parâmetros e diretrizes estabelecidos pela Secretaria.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br