Blog

Médico Raul Faria, 92 anos, recebe título de Diretor Emérito do IEDE

 “Quando me perguntam há quanto tempo estou no Instituto de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione, costumo responder que o IEDE é que está há muito tempo em mim”; diz o profissional que atua na unidade há quase 68 anos

unnamed (10)O Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) e a Fundação Saúde prestaram uma homenagem histórica ao médico Raul Fialho de Faria Junior ao lhe conferir o título inédito de Diretor Emérito da unidade. Aos 92 anos de idade, Raul Faria continua prestando relevantes serviços ao IEDE, pois é o braço direito da atual direção há mais de 20 anos. Por isso, a homenagem foi mais do que justa. Raul Faria Jr. nasceu antes de o IEDE ser criado. Ele foi professor da 3ª Cadeira de Clínica Médica da então Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, atualmente, a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ali se vinculou ao Centro de Diabetes do Hospital Moncorvo Filho, embrião do Instituto, criado por Francisco Arduíno. Desde 1967, Raul Faria Jr. comparece de forma quase religiosa à unidade, diariamente, para trabalhar.

“É um privilégio ter um diretor emérito. Significa poder contar sempre, e oficialmente, com a presença catalisadora de Raul Faria Junior no IEDE. Um emérito é alguém que ultrapassou os limites do cargo. Alguém que, pela sua história e pela história que fez, é reconhecido como especial e digno de um título permanente”, afirmou Ricardo Meirelles, diretor do IEDE.

Há pouco mais de um ano, a gestão do instituto passou a ser conduzida pela Fundação Saúde. O diretor técnico-assistencial, Luiz Amorim, relembra que, no início do processo de transição, após reuniões periódicas na unidade, descobriu que Raul Faria Jr. é uma unanimidade em qualquer lugar do hospital.

“Ele é o traço de união de todas as correntes. É com muita satisfação que estamos participando desta homenagem, que é mais do que justa, por tudo que ele fez, faz e ainda fará pelo IEDE”, ressaltou Amorim.

Reunidos no auditório do hospital, profissionais de saúde e familiares assistiram a um vídeo com depoimentos sobre a trajetória profissional de Raul Faria Júnior. Muitos se emocionaram, principalmente o homenageado. Na ocasião, foi feito o descerramento da placa da Enfermaria Clínica, que passará a ter o nome de Dr. Raul Fialho de Faria Junior. Ele recebeu ainda um crachá personalizado, o diploma de “Diretor Emérito” e uma carinhosa lembrança, um novo jaleco azul, vestimenta que representa sua marca registrada na unidade.

Com uma simplicidade peculiar, brincou ao dizer que, quando recebeu o convite para o evento, sabia que teria que falar alguma coisa. “Pensei, vou contar alguma coisa da minha vida no IEDE. Aí, o Ricardo (Meirelles), no seu discurso, falou sobre isso. Depois, todo mundo contou sobre a minha história no IEDE (vídeo). Então, eu não tenho mais o que contar. Só digo uma coisa, isso tudo é fruto de uma amizade e não acho que sou tão bom assim, mas já que eles acham isso, não vou discutir com eles”, disse, Raul Faria Jr.

O novo diretor emérito afirmou que imaginou o que poderia acontecer durante a cerimônia, mas confessa ter ficado surpreendido com a entrega do jaleco azul. Então, ele contou o porquê desta vestimenta.

Antes do IEDE, relembra, ele trabalhou no serviço médico de uma empresa de energia e lá usava-se jaleco azul porque o branco remetia ao ambiente hospitalar. “Como ganhei muitos jalecos naquele período, passei a usá-los aqui, pois tinha muitos em casa”, recordou, provocando risos na plateia.

Dr. Raul é parte da história da medicina – Com o passar dos anos, a área médica foi começando a criar as especialidades das cadeiras dos cursos de graduação. Raul Faria acompanhou todo esse processo, não só como aluno, fazendo parte do primeiro grupo a se especializar, mas também como integrante da mudança metodológica. Em 1990 passou a ser professor associado da disciplina de endocrinologia da escola médica de pós-graduação da PUC aonde lecionava bioestatística.

“Atualmente, a especialidade é uma necessidade, pois é impossível saber todos os detalhes da medicina até porque a cada dia aparece uma coisa nova. Além disso, na minha época, não havia estatística (bioestatística) como base para estudo de doenças e seus desdobramentos. O IEDE também é referência nesse sentido, uma vez que desenvolve pesquisas cujos resultados já foram publicados na literatura médica internacional e apresentados em congressos mundiais”, afirma o médico.

Os distúrbios das doenças alimentares como a obesidade e anorexia, por exemplo, são casos típicos de pesquisas e estudos cada vez mais frequentes na área científica. A mudança de rotina, uma realidade do mundo moderno, reflete na vida e na saúde das pessoas. “Antigamente, as pessoas paravam as atividades e iam para casa almoçar. Hoje, basta ir à esquina, comer um lanche rápido e retornar o mais depressa possível para o trabalho”, analisa.

Sobre o futuro da medicina, Raul Faria acredita que a tendência é o aumento do nível de conhecimento da classe médica, uma vez que, a cada dia, a exigência se torna mais latente. Mas, faz um alerta: “É preciso ter cuidado para não cair no erro de querer inovar simplesmente, visando ao lucro, apenas”.

Para manter a vitalidade, faz caminhadas, passeia com os filhos (tem dois) e continua a estudar. Questionado qual a sua grande paixão, Raul Faria não titubeou ao responder. “O IEDE e a minha mulher, com quem fui casado por mais de 60 anos e que faleceu por conta da idade. Esta, aliás, é o ônus da velhice. Quem não fica velho, tem uma opção, que é morrer cedo. Para mim, essa não é uma boa opção”, finaliza.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br