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Blocos da Saúde Mental ganham as ruas a partir desta quinta

Desfiles são resultado do trabalho de terapia ocupacional desenvolvido com pacientes

Durante todo o ano eles trabalharam nas oficinas, produzindo peças diversas, fantasias e alegorias como terapia ocupacional. Agora, chegou a hora de colocar tudo para fora e mostrar que o carnaval é do povo, para todos e sem preconceito. A partir desta quinta-feira (21), os blocos da saúde mental ganham as ruas da Zona Norte à Zona Sul da cidade, esbanjando alegria, samba de primeira e todo o direito à liberdade e à cidadania.

De comum, todos os blocos da saúde mental nascem nas atividades de terapia ocupacional desenvolvidas nas unidades da rede de atenção psicossocial. São oficinas de música, percussão, artes, pintura, artesanato, entre tantas outras. Ao longo do ano, os pacientes em acompanhamento vão fazendo os trabalhos, descobrindo ou redescobrindo seus caminhos e identidades. Quando chega perto do carnaval, é escolher e ensaiar o samba, concluir as fantasias e se soltar nas ruas, arrastando a vizinhança, turistas e foliões em geral.

O bloco Se Pirar a Gente Cuida se concentra a partir das 16h desta quinta-feira na Rua Engenheiro Manoel Segurado, ao lado da UPA do Alemão. A agremiação é formada por pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) João Ferreira Filho, além de usuários de outras unidades da região, como os CAPS Miriam Makeba, Fernando Diniz e Torquato Neto, além de moradores das próprias comunidades. Às 16h, os integrantes ganham as ruas do Alemão para espalhar sua alegria de viver, apesar de todos os percalços.

Já no domingo (24), a invasão de alegria será na Zona Sul, onde o já tradicional Coletivo Carnavalesco Tá Pirando, Pirado, Pirou! se concentra a partir das 15h na Avenida Pasteur (ao lado da UniRio), na Urca. O bloco já existe há 15 anos e faz parte do calendário oficial de carnaval de rua do município, desfilando sempre no domingo anterior ao carnaval. É formado por pacientes da rede de saúde mental da cidade, como o Instituto Municipal Philippe Pinel, o Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Ipub), dos centros de atenção psicossocial, e também por moradores da região que abraçam a proposta da agremiação.

Este ano, o enredo do Tá Pirando é “Na terra dos bruzundangas: Lima Barreto visionário”, em homenagem ao escritor que chegou a ser internado no antigo hospício que funcionou no hoje campus da UFRJ da Praia Vermelha. E, como tradição, os foliões vão às ruas também em defesa da Reforma Psiquiátrica brasileira e contra os riscos de retrocesso. Na concentração haverá venda de camisas do enredo a R$ 40 e adereços, além de diversas atividades, como apresentação de sapateado do samba, com Munique Mattos.

Na terça-feira, dia 26, o samba da saúde mental será na Zona Oeste, com uma defesa do Sistema Único de Saúde. Será a vez da Zona Mental ganhar as ruas em Bangu com o enredo “O SUS que eu quero para o futuro canta respeito e liberdade para uma saúde pública de qualidade… Quem sente pelos que mentem, é o povo!”. A concentração será a partir das 14h, na Praça Guilherme da Silveira.

O samba e a alegria continuam na manhã de quarta-feira (27), com o Império Colonial, formado por usuários do Centro de Atenção Psicossocial Manoel de Barros e de outras unidades da saúde mental e da Atenção Primária da região da Taquara. A concentração será na Avenida Nossa Senhora dos Remédios, s/nº, em frente ao CAPS, a partir das 10h.

E encerrando o circuito de blocos da saúde mental, o Loucura Suburbana faz seu 19° desfile no dia 28, quinta-feira, com concentração às 16h no Instituto Nise da Silveira, na Rua Ramiro Magalhães, 521, no Engenho de Dentro. O bloco propôs para este ano um enredo livre, mantendo apenas a proposta da luta antimanicomial, e o resultado foi o samba enredo “Doutor, eu ouço vozes”, um entre os 23 inscritos no concurso de escolha de samba da agremiação, composto por pacientes de um CAPS de Niterói.

O Loucura Suburbana é um ponto de cultura que agrega usuários da rede de saúde mental na Zona Norte, como o Instituto Nise da Silveira, os centros de atenção psicossocial Raul Seixas, Clarice Lispector, entre outros. Tudo o que se vê no carnaval é resultado de um ano inteiro de atividades de terapia ocupacional em oficinas de artesanato e música. Por sua tradição, o bloco, fundado em 2001, é abraçado pela vizinhança, que cai no samba sem preconceito.

FONTE: Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro
http://www.rio.rj.gov.br/web/smsdc