CNEN e Inca pesquisam a incidência de câncer em locais com radiação natural elevada
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais e as Secretarias Municipais de Saúde de Poços de Caldas, Andradas, Ibitiúra de Minas, Santa Rita de Cássia e Caldas se uniram para investigar a relação entre a incidência de câncer e a radiação natural elevada da região. O estudo está sendo feito no Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC), unidade da CNEN no interior de Minas Gerais, e foi chamado de Projeto Planalto Poços de Caldas.
O fato de o Brasil não ter implantado um modelo permanente de vigilância do câncer em áreas de radiação natural elevada foi o que motivou a pesquisa, pois no país há concentrações naturais significativas de urânio e tório em diversos pontos. Nestas áreas, a radiação de fundo pode ser bem maior do que em regiões onde não é observada elevada concentração destes minerais. Logo, o objetivo deste projeto é dar respostas à população sobre a relação entre casos de câncer e os índices naturais de radiação. Para o doutor em Energia Nuclear Aplicada à Agricultura e Meio Ambiente e também pesquisador do projeto, Nivaldo Carlos da Silva, do Lapoc, o interesse da pesquisa é dar à população respostas cientificamente comprovadas.
Para isso, o estudo foi dividido em duas partes. Em um primeiro momento foi realizada uma medição de radiação externa por meio de um monitor portátil acoplado a um aparelho GPS, o que permitiu a localização precisa do ponto medido. Nessa etapa foram monitoradas todas as ruas da zona urbana e estradas de zonas rurais dos cinco municípios envolvidos na pesquisa, totalizando um milhão de pontos.
A segunda fase está em andamento e consiste na medição de radônio no interior de aproximadamente 670 residências de três municípios do planalto de Poços de Caldas: Poços de Caldas, Andradas e Caldas. Este processo é feito por meio de um medidor de concentração de radônio no ar, instalado no interior das casas. O equipamento é constituído de um polímero conhecido como CR39, sensível à radiação alfa. No momento em que essa radiação atinge o polímero, é produzido um traço. Após uma revelação química nesse material é possível visualizar os traços por meio de um microscópio. O cálculo da concentração de radônio no ar é realizado com base na quantidade de traços por unidade de área.
Uma das ações da pesquisa foi a implantação, no município de Poços de Caldas, do Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP), que consiste em um centro de coleta e análise de informações sobre a ocorrência de câncer em uma determinada população e ano. Para isso, uma equipe com integrantes das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde construiu um banco de dados para analisar 100% de todos os prontuários da cidade estudada.
Desta forma, a parceria da CNEN com outras instituições prossegue voltada para projetos necessários no Brasil, pois, segundo o pesquisador Nivaldo Carlos da Silva, no país existem apenas dezessete municípios que fazem o RCBP. Sendo assim, a população da cidade estudada receberá informações em relação aos riscos e a medidas a serem tomadas a partir de dados cientificamente comprovados.
FONTE: CNEN
http://www.cnen.gov.br/