CRTR/RS autua empresa terceirizada pela FIFA por acobertar o exercício ilegal das técnicas radiológicas no Estádio Beira-Rio durante a Copa
O Conselho Regional de Técnicos em Radiologia do Rio Grande do Sul (CRTR 6ª Região) vai multar a firma terceirizada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para fazer inspeção de bagagens com o uso de escâneres que emitem radiação ionizante no Estádio Beira-Rio durante a Copa. A empresa, que atua no segmento de serviços gerais, foi autuada por acobertamento do exercício ilegal das técnicas radiológicas e vai responder legalmente pela infração.
De acordo com o presidente do CRTR/RS, João Batista Benitz, a fiscalização realizada antes e depois do mundial constatou que os 42 escâneres usados na inspeção de segurança foram operados por aproximadamente 60 pessoas sem a formação mínima necessária. “Ficamos sabendo que o treinamento do pessoal consistiu em apenas uma palestra, com menos de três horas, ministrada pela Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe). Pessoalmente, estou convencido que não é o suficiente para aprender sobre a física das imagens radiográficas, muito menos para garantir a segurança nacional. Vale pontuar que as pessoas trabalharam sem qualquer Equipamento de Proteção Individual (EPIs)”, frisa.
Para operar equipamentos emissores de radiação ionizante, é necessário ter formação mínima de 1,2 mil horas na área. O exercício das técnicas radiológicas na área de salvaguardas e segurança é privativa dos técnicos e tecnólogos em Radiologia, conforme prevê a Lei n.º 7.394/85, o Decreto n.º 92.790/86 e a Resolução CONTER n.º 03/2012. Assim como no Rio Grande do Sul, o Sistema CONTER/CRTRs constatou o mesmo problema no Estádio Nacional de Brasília e multou a Fifa em R$ 300 mil.
Equipamentos vão para presídios
Provavelmente, nenhuma pessoa se sentiria segura se soubesse que o motorista do ônibus que a leva para o trabalho não tem habilitação. Sentiria-se pior ainda se soubesse que o engenheiro que construiu seu apartamento não tem registro profissional. Na área das técnicas radiológicas, não é diferente. Mas, infelizmente, a sociedade não tem a mesma compreensão do problema, pois a radiação ionizante não tem cheiro, não tem cor e nem dá para ver, mas tem a capacidade de atravessar o corpo e causar alterações genéticas malígnas. Muitas vezes, as pessoas são expostas indevidamente à radiação ionizante, mas nem se dão conta disso.
Segundo o presidente da Coordenação Regional de Fiscalização do RS (COREFI), Jorge Wolnei Gomes, a fiscalização à empresa que trabalhou para a Fifa na Copa será intensificada, uma vez que os mesmos equipamentos usados no mundial serão encaminhados para os presídios estaduais. “Assumimos o compromisso de acompanhar o destino desses equipamentos, tanto para garantir a segurança da população, quanto para proteger o direito de quem exerce legalmente as técnicas radiológicas”, assegura.
No Espírito Santo, acredita-se que a operação ilegal desses equipamentos resultou em uma grande tragédia, que vitimou mais de 20 mulheres.
FONTE: CONTER
http://www.conter.gov.br/