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Documentário sobre a vida de Rozental será lançado durante o Congresso IRPA 2013

Um engraxate do interior paulista que se tornou físico, ajudou a construir um reator nuclear no Brasil e foi um dos mais relevantes profissionais que trabalharam em Goiânia, após o acidente com césio-137, em 1987. A trajetória de José de Julio Rozental está sendo contada em documentário que será lançado dia 15 de abril, às 14h30, no Rio de Janeiro, durante o Congresso Latino Americano IRPA de Proteção Radiológica (IRPA 2013), que ocorre de 14 a 19 de abril no Hotel Royal Tulip, no bairro São Conrado.

A data escolhida para o lançamento do documentário foi batizada há anos, pelo próprio Rozental, como Dia da Proteção Radiológica, área de atuação na qual o físico se destacou. O vídeo de 66 minutos, produzido e dirigido pela servidora da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) Silvia Velasques, com patrocínio da Faperj, traz depoimentos de colegas de trabalho e familiares de Rozental. Através destas narrativas é possível conhecer uma impressionante história de superação.

Rozental nasceu em 1932 em Guaratinguetá (SP), mudou com a família para Jundiaí (SP), onde ganhava alguns trocados trabalhando como engraxate. Chegou no Rio de Janeiro em 1948, onde trabalhou como office boy. Com bolsa de estudos, formou-se em Física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), à época denominada Universidade do Distrito Federal (UDF). Fez pós-graduação em Engenharia Nuclear na Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil (atual UFRJ) orientado pelo Dr. Luiz Osório de Brito Aghina, um dos entrevistados no documentário.

Na década de 60, Rozental integrou o grupo de pioneiros do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), uma das unidades da CNEN no Rio de Janeiro, atuando na construção do reator nuclear de pesquisas Argonauta, concluída em 1965. Foi o terceiro reator nuclear do País e o primeiro construído por uma empresa brasileira, com 93% dos componentes nacionalizados.

De 1973 a 1990, Rozental foi diretor do Departamento de Instalações Nucleares (DIN) da CNEN. Em paralelo às funções públicas, participou de sociedades científicas, como a fundação da Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica (SBPR), ocorrida no Auditório da Academia Brasileira de Ciências, em 9 de dezembro de 1986. Foi Presidente da Associação Brasileira de Física Médica (ABFM) entre 1985-1987.

Em nível internacional, Rozental destacou-se principalmente na área de segurança radiológica. Desde que se aposentou, em 1993, até seu falecimento, em 2010, morou em Israel e continuou sendo uma referência em assuntos do setor nuclear como consultor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e do Ministério do Meio Ambiente de Israel.

Ele foi reconhecido pelo empenho, carinho e profissionalismo com que coordenou o atendimento às vítimas do acidente com césio-137 e na recuperação das áreas atingidas. Ele morou em Goiânia, atuando na unidade da CNEN construída para armazenar os rejeitos do acidente. Em 1997, quatro anos após deixar a cidade, recebeu o título de Cidadão Honorário de Goiânia.

Quando saiu de Goiânia, Rozental foi morar em Israel, terra de seus antepassados e local onde viveu seus últimos anos. Ao deixar a cidade, expressou o seu carinho à população de forma poética, em carta publicada na edição de 27/06/93 do jornal O Popular:

“Volto à terra de meus antepassados. Vou em busca de novos sonhos, agora mais experiente. Levarei todos, levarei o Brasil, terra onde nasci. Levarei de Goiânia, em minha memória, memórias de heróis, de bravos, de homens perseverantes, do povo mais meigo que convivi. Amo essa terra e suas flores. Que me perdoe o egoísmo, vou levá-las comigo.”

FONTE: CNEN

http://www.cnen.gov.br/