Equipes da Secretaria de Estado de Saúde fazem capacitação em universidades norte-americanas para trazer ao Brasil moderna técnica de atendimento
O estado do Rio de Janeiro terá cinco Centros de Trauma para tratar pacientes politraumatizados. Com tecnologia de ponta em salas inteligentes, eles ficarão nos hospitais estaduais Alberto Torres, Albert Schweitzer, Adão Pereira Nunes, no novo Rocha Faria e no Hospital Estadual de Trauma, que será construído na Baixada Fluminense.
– Os centros serão salas especializadas para os casos de politraumatismo, enquanto as emergências passarão a ser clínicas, ou seja, receberão, por exemplo, pessoas enfartadas ou vítimas de um AVC. Hoje, entram o baleado, o enfartado e a vítima de acidente de carro na mesma sala vermelha da emergência, mas cada um exige um tipo de profissional -, explica o secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes.
Os Centros de Trauma terão equipes multidisciplinares, compostas por ortopedista, cirurgiões geral e vascular, anestesista e neurologista. Além disso, haverá cirurgião pediátrico com formação em trauma e cirurgião torácico e urologista serão acionados quando houver necessidade.
Mais do que uma estrutura física preparada para melhor atender este tipo de paciente, a Secretaria de Estado de Saúde vem preparando seus profissionais para criar no Rio um modelo inspirado o utilizado por universidades americanas, como o Ryder Trauma Center, da Universidade de Miami e o Shock Trauma Center Adams Cowley, Centro de Trauma da Universidade de Maryland, em Baltimore, referência para o atendimento ao presidente norte-americano Barack Obama em casos de emergências
Lá, os profissionais aprendem, entre outras coisas, que pacientes devem ser priorizados no caso de múltiplas vítimas, como dar suporte aos pacientes mais graves e como fazer um plano de chamada das equipes, dentre outros procedimentos.
Capacitação internacional – No próximo dia 25 de agosto, 11 médicos (intensivistas, cirurgiões e anestesista) e seis enfermeiros, embarcam para Miami. Durante este treinamento, o grupo, além das aulas teóricas, vai poder acompanhar os plantões das noites de sexta e sábado do centro médico, podendo ver in loco os conhecimentos adquiridos em aula.
Em janeiro, um grupo com 17 profissionais entre médicos e enfermeiros esteve em Baltimoretambém para aprender normas, fluxos, protocolos e diretrizes que serão implantados nos novos Centros de Trauma.
– A programação inclui cursos com aplicação direta ao atendimento do politraumatizado. Um deles será o de Atendimento a Múltiplas Vítimas. Os Estados Unidos passaram por mudanças muito marcantes em 2001, nos atentados de11 de setembro. Até então, eles acreditavam ter um sistema de emergência muito bem elaborado e o atentado mostrou que não era bem assim. Depois disso, eles tiveram que reformular toda a lógica de atendimento e é essa nova forma de atuar que vamos aprender. O Rio está passando por uma dinâmica para receber grandes eventos e temos que estar preparados para isso, organizando nossos hospitais para receber vítimas em grande volume – explica o médico-chefe do grupo, Rogério Casemiro.
Convênios – Os dois treinamentos são frutos de convênios assinados entre a SES e as respectivas universidades americanas. Na segunda quinzena de agosto, é a vez de profissionais da Universidade de Miami virem ao Riopara ajustar o treinamento desta equipe que irá agora à instituição. Os profissionais que receberem a capacitação, tanto em Baltimorequanto em Miami, serão os responsáveis por treinar as equipes que vão atuar no Centro de Trauma do Hospital Estadual Alberto Torres, que será o primeiro a ser inaugurado.
Os convênios com as universidades americanas começaram a ser assinados em 2010 com o objetivo de padronizar o atendimento nesses Centros de Trauma.
– Está provado que a unificação de protocolos de atendimento gera melhor resposta do paciente ao tratamento. Não existe no Brasil nenhuma unidade replicadora desse modelo e por isso fomos buscar fora, em institutos de excelência. A partir desses treinamentos, poderemos capacitar todas as equipes que vão atuar nos centros de trauma. Isso será um diferencial nosso – ressalta Casemiro.