Maternidade do Hospital de Saracuruna fortalece laços entre mães e filhos através do banho
Outros dois projetos da unidade reforçam o vínculo entre bebês e suas famílias
Eles acabaram de nascer e precisam de carinho e cuidado. Elas querem fazer o melhor, mas têm medo de errar. Entre um e outro, existem profissionais e programas de atendimento humanizado para ajudar as mães a vencer o receio natural e cuidar bem dos seus recém-nascidos. É o que acontece no projeto Sala de Banho, desenvolvido na maternidade do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (HEAPN), em Caxias. O programa ensina às mães como dar banho nos bebês e aproveita o momento para aproximá-los ainda mais. Também com o mesmo objetivo de reforçar o vínculo entre mãe e filho, a unidade de saúde conta com os projetos Oficina de Cantigas de Ninar e Espaço da Vovó.
Sem choro nem manha, o banho começa às 9h na maternidade do HEAPN. A equipe de enfermagem ensina o passo a passo para higienizar bem a criança, sem deixar de protegê-la do frio e da ação de agentes externos, como vento e contaminação por micro-organismos, que podem prejudicar a saúde do bebê. Durante a maior parte do banho, os nenéns devem ser mantidos enrolados em uma toalha, que ajuda a reter o calor da água. Envolvido pelo tecido e aquecido, o recém-nascido é remetido ao ambiente uterino e se sente relaxado. Em geral, eles nem choram.
— Se o bebê chorar, deve-se avaliar se o banho está sendo feito com a técnica correta. O que geralmente faz o bebê chorar é o frio. Por isso, é comum que ele chore na hora de limpar o coto umbilical com álcool 70%, um produto frio – explica Tânia Rangel, coordenadora de enfermagem da maternidade do HEAPN.
A temperatura da água deve ficar entre 36,5°e 37°. Mas as mães não precisam usar termômetro: basta molhar o dorso da própria mão e verificar se a água está morna. O sabonete deve ser neutro e líquido, cujo frasco vedado evita a contaminação do produto por bactéria. Com menos de 24h de vida, os bebês já podem tomar o primeiro banho. Caso de Joaquim, filho de Daniella D’Almeida Coelho, de 31 anos, que nasceu às 11h da manhã anterior e, antes de completar um dia, viveu a experiência.
Amor e técnica – O banho começa pela cabeça e pelo rosto, que devem ser lavados com algodão e água. Com o neném fora da banheira, a mãe molha pedaços de algodão e passa, suavemente, em cada olho do bebê, no rosto e, por último, na cabeça. É preciso usar um pedaço de algodão diferente em cada olho. A enfermeira Tânia também lembra a importância de tapar os ouvidos do bebê para não entrar água. Com a cabeça do neném apoiada na palma da mão, ao enxaguá-la, a mãe posiciona o polegar em uma das orelhas do neném e o dedo médio em outra.
Depois de ter a cabeça e o rosto enxutos para que não sinta frio e ainda enrolado na toalha, é hora de segurá-lo delicadamente dentro da banheira e molhá-lo. A toalha pode ser retirada aos poucos, conforme for ensaboando o bebê. Já de banho tomado, no berço, o coto umbilical precisa ser higienizado, com gaze e álcool gel 70%. Enfermeira e mãe de primeira viagem, Daniella gostou da lição. Joaquim, que saiu da sala de banho sem chorar, nem se fala.
— Eu tinha medo de arranhá-lo com a minha unha e de deixá-lo escorregar ao virá-lo de costas. Mas vi que o banho é um momento gostoso e que vai dar pra repetir a técnica em casa — conta Daniella.
A sala de banho atende às mães que tiveram filhos na unidade. Em média, 25 bebês com suas mamães participam do projeto a cada dia. As mulheres que fizeram parto normal recebem alta em até 48h e as que foram submetidas à cesariana voltam para casa em até 72 horas. Tempo suficiente para aprender a técnica do banho.
Sonzinho bom – Outro programa que atende às mulheres internadas no HEAPN e estimula o contato entre mãe e filho é o Cantiga de Ninar. A equipe do projeto, formado por psicólogas e fonoaudióloga, reúne as gestantes, mães e seus recém-nascidos na sala de convivência da maternidade, toda terça-feira, às 13h30. A cada encontro, o grupo recebe a letra de uma cantiga impressa, escuta a música e canta para ninar os bebês. A ideia é estimular as mulheres a conversar sobre suas angústias e trocar experiências. Muitas aproveitam para tirar dúvidas sobre amamentação.
— A nossa proposta é fazer com que, a partir da cantiga, elas falem desse momento que estão vivendo. É um espaço terapêutico — explica Andréa Marcolan, psicóloga da equipe do HEAPN.
Apoio dos avós – O Espaço da Vovó, também criado para humanizar o atendimento, surgiu da necessidade de possibilitar que as mães cujos filhos permanecem internados na UTI Neonatal recebam o apoio de uma pessoa mais próxima da família — na maioria dos casos, as avós da criança. Somente pais e mães podem visitar os filhos na UTI, mas às quintas-feiras, às 13h30, os avós podem ver os netos por 20 minutos, acompanhados pela equipe de psicologia do HEAPN. Antes, eles têm a oportunidade de falar das próprias angústias em relação à saúde dos netos e recebem orientação sobre como apoiar as filhas.
— Muitos avós nem conheciam os netos internados. Então, muitas vezes, eles chegam ansiosos. É um alívio para as mães das crianças internadas terem mais perto a própria mãe ou alguém da família que elas considerem uma referência — explica Juliana Castro, psicóloga da equipe.
Oficina de artesanato – Direcionada às mães, a Oficina de Artesanato torna as horas mais leves para quem está internada na unidade. Todas as tardes de sexta-feira, uma voluntária do hospital reúne as mães na sala de convivência e ensina a criar peças de feltro e móbiles de acetato, entre outras formas de arte. Além de aprender uma atividade nova, as mulheres conversam e se fortalecem para cuidar dos filhos.
Mães da Baixada – A saúde da gestante da Baixada Fluminense tem sido foco de ação e investimentos do Governo do Estado. Em 28 de agosto foi lançado o Programa Mães da Baixada, um conjunto de medidas para melhorar o atendimento prestado pelas unidades municipais de saúde e as conveniadas pelas prefeituras às grávidas da Baixada Fluminense.
Uma dessas ações é a qualificação de leitos de baixo risco na região por meio do pagamento de um incentivo pelos partos realizados em unidades em Queimados, Belford Roxo e São João de Meriti. O programa já entregou uma ambulância cegonha a cada um dos 11 municípios da Baixada Fluminense, além de Itaboraí, São Gonçalo e Niterói, para ajudar no transporte das gestantes às unidades de saúde. Estão previstas ainda a entrega de equipamentos e uma ajuda de custo mensal de R$ 1,5 milhão para a reabertura da Maternidade Municipal Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu, fechada em abril de 2012.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br