Maternidade graças à redução de estômago: paciente engravida depois de perder 30kg
Juliana Portelada não conseguia engravidar até passar pelo Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica
Os pacientes que passam pelo Programa de Cirurgia Bariátrica da Secretaria de Estado de Saúde costumam dizer que ganham vida nova depois do procedimento. Essa percepção se deve – segundo o relato dos mais de 530 pacientes operados – a melhorias nas condições de saúde, na autoestima, nas relações pessoais. Mas no caso da fisioterapeuta Juliana Portelada, de 32 anos, a expressão “vida nova” ganhou um significado diferente: o nome é Júlia e hoje está com dez meses.
“Eu operei em dezembro de 2010 e no dia 15 de dezembro de 2011 descobri que estava grávida. Como estava com um mês de gestação, engravidei onze meses depois da cirurgia”, recorda. O resultado positivo, na avaliação de Juliana, foi consequência direta da redução de peso propiciada pela cirurgia bariátrica. “Quando eu operei, eu estava com 135 quilos. Antes da cirurgia, em 2010, eu cheguei a engravidar, mas perdi o bebê. A minha médica me disse que uma das causas do aborto espontâneo poderia ser o sobrepeso. Quando eu fiz a cirurgia, achei que não iria engravidar, porque estava com amenorréia (ausência de menstruação) já há nove meses. Quando descobri que estava grávida, onze meses depois, tomei um susto, pois não estava programado. Mas foi sensacional”, relata Juliana.
Para a fisioterapeuta, conciliar os cuidados alimentares naturais da gestação com os cuidados decorrentes da bariátrica foi bastante tranquilo: “Dependendo do tipo de tempero na comida, eu já não consigo consumir muito. Hoje, não consigo comer porções acima dos 400 gramas. E para doces, eu também tenho que comer devagar. Então, foi tranquilo. Fiz tudo com muito cuidado, fui muito cautelosa. Comi de três em três horas, às vezes de duas em duas, porções bem pequenas, e comi também muitas frutas”. O cuidado foi recompensado. Ela engordou apenas sete quilos durante toda gravidez. E já emagreceu todos.
O momento do parto foi visto com certa apreensão por Juliana, como costuma acontecer com todas as gestantes. Mas a experiência de sua obstetra – que tinha feito o parto de duas outras mulheres que passaram por cirurgia de redução de estômago – fez com que ela enfrentasse a operação de cesariana com mais calma. Hoje, ela afirma que – apesar do medo de agulhas e de ter passado por mais uma cirurgia – todo sacrifício valeu à pena para ter a pequena Júlia em seus braços. “Ela é uma criança linda, maravilhosa. Uma linda lourinha de olhos azuis”, conclui a mamãe de primeira viagem.
Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica – Desde que foi criado, em dezembro de 2010, o Programa da Secretaria de Estado de Saúde já operou mais de 530 pacientes e é o único do país que realiza 100% das cirurgias por videolaparoscopia, que são muito menos invasivas. Pacientes que desejam realizar este tipo de cirurgia no programa do Governo do Estado devem procurar um atendimento ambulatorial mais próximo de sua casa para que um médico faça uma primeira avaliação, verificando se a cirurgia é necessária ou não. Se a operação for indicada, o médico solicita uma segunda avaliação para a Central de Regulação de Cirurgia Bariátrica do Estado, que encaminha o pedido de forma online ao Hospital Estadual Carlos Chagas. O paciente é contatado e tem uma consulta de avaliação marcada, sem fila de espera.
Números impressionam – Livrar-se dos muitos quilos a mais, garante outra qualidade e estilo de vida. Dos pacientes do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, 70% são mulheres. Na sala de espera, as histórias são diversas: de luta contra a depressão, resgate de valores, autoestima, da feminilidade e de superação após a cirurgia. Das pacientes do sexo feminino, 62% voltaram ao mercado de trabalho, depois de muitos anos desempregadas por conta do excesso de peso. A volta da autoestima faz com que muitas comecem um novo relacionamento, ou reatem os antigos. 85% das pacientes melhoraram o desempenho sexual depois da cirurgia. Além disso, coisas simples como andar em transporte público, que parecia um suplício para algumas pacientes, hoje não é mais problema, 100% das pacientes relatam melhora nesta questão.
Para o coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica, Cid Pitombo, a alta procura de mulheres pelo programa se deve à estética e à preocupação que a mulher tem em cuidar da saúde.
– A mulher se incomoda mais com a obesidade do que o homem. O Homem de 120 kg, acha que está “gordinho” e a mulher neste peso, acha que está muito obesa. E procura é muito maior. Outro ponto que justifica a grande demanda, é que a mulher está mais ambientada em se tratar com médicos do que o homem. O homem geralmente demora muito para procurar um médico. E a mulher desde jovem vai ao médico, vai ao ginecologista desde cedo, enfrenta as dores do parto, ou o pós-operatório de uma cesariana -, diz.
Obesidade no Brasil – A obesidade é um problema que afeta a saúde pública. De acordo com o Ministério da Saúde, a proporção de pessoas acima do peso no Brasil, avançou de 42,7, em 2006, para 48,5 em 2011. No mesmo período, o percentual de obesos, subiu de 11, 4% para 15,8%. No estado do Rio de Janeiro, 17,2% das mulheres estão obesas, média maior que a nacional e maior também do que a porcentagem de homens, que é de 15%.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro