MS atualiza dados sobre infestação do mosquito em municípios
Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 1.524 cidades brasileiras constatou 125 municípios em situação de risco e 552 em alerta
Atualização do Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) realizada na última sexta-feira (7) revela que 125 municípios brasileiros estão em situação de risco para a ocorrência de epidemias de dengue, 552 estão em alerta e 847 cidades apresentam índice satisfatório. Até o momento, o Ministério da Saúde recebeu informações do LIRAa de 1.524 municípios brasileiros, 61 cidades a mais do que o primeiro levantamento fechado em 3 de novembro.
Elaborado pelo Ministério da Saúde, em conjunto com estados e municípios, o LIRAa foi realizado em outubro deste ano. A pesquisa é considerada um instrumento fundamental para orientar as ações de controle da dengue, o que possibilita aos gestores locais de saúde anteciparem as ações de prevenção.
O chamado Mapa da Dengue identifica os bairros onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito transmissor da doença, proporcionando informação qualificada para atuação das prefeituras nas ações de prevenção.
Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, é fundamental o reforço às ações de combate não apenas à dengue, mas também à febre chikungunya. “As medidas de enfrentamento e prevenção das duas doenças são as mesmas. Temos de intensificar estas ações e prestar bem a atenção nas informações que o LIRAa nos revela. Trata-se de uma ferramenta muito potente que nos dá informações importantes”, observou.
LEVANTAMENTO – Os municípios classificados como de risco apresentam larvas do mosquito em mais de 3,9% dos imóveis pesquisados. É considerado estado de alerta quando menos de 3,9% dos imóveis pesquisados têm larvas do mosquito, e satisfatório quando o índice está abaixo de 1% de larvas do Aedes aegypti.
De acordo com o levantamento, Rio Branco é a única capital em situação de risco, com índice de 4,2. São dez as capitais que apresentaram situação de alerta (Porto Alegre, Cuiabá, Vitória, Maceió, Natal, Recife, São Luís, Aracaju, Belém e Porto Velho) e outras 11 estão com índices satisfatórios (Curitiba, Florianópolis, Brasília, Campo Grande, Goiânia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Macapá, Teresina e João Pessoa). Cinco capitais (Boa Vista, Manaus, Palmas, Fortaleza e Salvador) ainda não apresentaram ao Ministério da Saúde os resultados do LIRAa. Ministério da Saúde continua recebendo as informações dos estados e divulgará o próximo levantamento na próxima sexta-feira (14).
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, reforça que a prevenção da dengue e da febre chikungunya é simples e todo mundo sabe como fazer. “Em apenas 15 minutos semanais, as famílias podem fazer o inspeção dentro de casa e destruir os focos dos mosquitos dentro de pneus, vasilhas de plantas e outros tipos de recipientes que acumula água parada”, frisou. O secretário, no entanto, ressaltou que o fato de uma determinada cidade estar em situação satisfatória no LIRAa não significa que esteja protegida. “Se o município parar de agir, a população de mosquito pode crescer”, alertou. Barbosa esclareceu que um município com população de mosquito elevada pode ter transmissão de chikungunya. “Ninguém está protegido se no local tem mosquito para fazer a transmissão, seja em casa ou no trabalho”.
CRIADOUROS – Além de ajudar os gestores a identificar os bairros em que há mais focos de reprodução do mosquito, o LIRAa também aponta o perfil destes criadouros. Os focos podem estar em formas de armazenamento de água, em espaços em que o lixo não está sendo manejado adequadamente e em depósitos domiciliares.
Esse panorama varia entre as regiões. Enquanto na Região Sul, 47,3% dos focos estão no lixo, no Nordeste e no Centro Oeste o armazenamento de água é a principal fonte de preocupação com 78,8% e 36,8%, respectivamente. Já o Norte e o Sudeste têm no depósito domiciliar o principal desafio, com taxas de 46,6% e 55,1%, respectivamente.
Criadouros por região
Região | Abastecimento
de água |
Depósitos domiciliares | Lixo |
Norte | 21,2% | 14,4% | 64,4% |
Nordeste | 78,8% | 16,1% | 5,1% |
Sudeste | 28,6% | 55,2% | 16,2% |
Centro Oeste | 36,8% | 30,6% | 32,7% |
Sul | 16% | 36,7% | 47,3% |
MOBILIZAÇÃO – O Ministério da Saúde realizará, a partir do dia 15 de novembro, campanha de combate à dengue e ao Chinkungunya, que tem como slogan “O perigo aumentou. E a responsabilidade de todos também”. Serão divulgadas orientações à população sobre como evitar a proliferação dos mosquitos causadores das doenças e alertar sobre a gravidade das enfermidades.
No dia 6 de dezembro será realizado o Dia D de mobilização. Por meio da ação, o Ministério da Saúde convoca os gestores municipais a realizarem uma intensa mobilização da população, além de mutirões de limpeza urbana e atividades para alertar os profissionais da área ao diagnóstico correto das doenças. Como cerca de 80% dos criadouros estão nas residências, o papel de cada família, para verificar e eliminar possíveis locais que acumulam água, será reforçado nesse dia D. A ação será repetida no dia 7 de fevereiro, com o Dia D+1.
REDUÇÃO DOS CASOS – O número de casos registrados de dengue caiu 61% entre janeiro e outubro de 2014, em comparação ao mesmo período de 2013, passando de 1,4 milhão de casos para 556,3 mil neste ano. Os dados constam no balanço epidemiológico divulgado nesta terça-feira (04). Todas as regiões do país apresentaram redução de casos notificados, sendo que a região Sudeste teve a queda mais representativa, correspondente a 67%, seguida pelo Sul (64%), Centro-Oeste (57%), Nordeste (42%) e Norte (23%). O estado com a maior diferença entre 2013 e 2014 foi o Rio de Janeiro, que conseguiu reduzir em 97% o número de casos, seguido pelo Mato Grosso do Sul (96%) e Minas Gerais (86%).
Os óbitos por dengue no Brasil também apresentaram queda em comparação a 2013. Neste ano, foram 379 mortes, contra 646 confirmados no ano passado, uma redução de 41%. Destaque para os estados de Tocantins, Acre, Roraima, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que não registraram óbitos causados pela dengue em 2014. Para reduzir cada vez mais esses números, o Brasil mantém um programa permanente de combate ao mosquito transmissor. Neste ano, foram repassados aos estados e municípios cerca de R$ 1,2 bilhão para a manutenção de ações de vigilância, prevenção e controle da doença.
NOVA CLASSIFICAÇÃO – Neste ano, o Brasil passou a adotar a nova classificação de casos de dengue da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os registros são classificados como “dengue com sinais de alarme” e “dengue grave”. Até 2013, a classificação dos casos no Brasil se dividia em febre hemorrágica da dengue (FHD), síndrome do choque da dengue (SCD) e dengue com complicações (DCC). Cabe destacar que a adoção da nova classificação não traz prejuízos para a análise da situação epidemiológica, mas torna incorreta a comparação direta de casos graves em 2014 com os anos anteriores.
REDUÇÃO DE INTERNAÇÕES – Para garantir a assistência e atendimento aos pacientes com suspeita de dengue, o Ministério da Saúde tem investido na ampliação dos serviços, capacitação de profissionais, habilitações de leitos de enfermaria e de UTI pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Todas as unidades de saúde estão aptas a realizar o diagnóstico, classificação de risco e acompanhamento, desde a atenção básica às unidades de média e alta complexidade.
No período de janeiro a setembro deste ano, foram registradas 30,7 mil internações pela doença. Isso representa 49% a menos se comparado ao mesmo período de 2013, quando houve 60,2 mil internações, representando uma economia de R$ 9,2 milhões aos cofres públicos.
A diminuição nos índices de internações pode estar relacionada à detecção precoce da doença e a correta classificação de risco. O Ministério da Saúde tem priorizado a ampliação da assistência pela rede de atenção, intensificando a capacitação dos profissionais. Neste sentido, a Universidade Aberta do SUS tem investido na capacitação dos profissionais de saúde, promovendo o Curso de Atualização no Manejo Clínico da Dengue.
CHIKUNGUNYA – Até o dia 25 de outubro deste ano, o Ministério da Saúde registrou 824 casos de Febre Chikungunya no Brasil, sendo 151 confirmados por critério laboratorial e 673 por critério clínico-epidemiológico. Deste total, 39 são casos importados de pessoas que viajaram para países com transmissão da doença, como República Dominicana, Haiti, Venezuela, Ilhas do Caribe e Guiana Francesa.
Os outros 785 foram diagnosticados em pessoas sem registro de viagem internacional para países onde ocorre a transmissão. Destes casos, chamados de autóctones, 330 foram registrados no município de Oiapoque (AP), 371 em Feira de Santana (BA), 82 em Riachão do Jacuípe (BA), um em Matozinhos (MG) e um em Campo Grande (MS).
Vale ressaltar que, caracterizada a transmissão sustentada de Chikungunya em uma determinada área – com a confirmação laboratorial dos primeiros casos – o Ministério da Saúde recomenda que os demais sejam confirmados por critério clínico-epidemiológico. Este critério leva em conta fatores, como sintomas apresentados e o vínculo dele com pessoas que já contraíram a doença.
AÇÕES – Desde que foram confirmados os casos de Chikungunya no Caribe, no final de 2013, o Ministério da Saúde elaborou um plano nacional de contingência da doença, que tem como metas a intensificação das atividades de vigilância. Foram enviadas equipes para os estados com casos registrados, como Bahia e Amapá, para trabalhar em conjunto com as secretarias estaduais de Saúde e intensificar ações de prevenção e vigilância da doença. O Ministério da Saúde também promoveu a capacitação de laboratórios para realização dos testes de diagnósticos e realizou, em outubro, o Seminário Internacional da Febre Chikungunya. Além disso, houve a inclusão do capítulo sobre a febre no Guia de Vigilância Epidemiológica e a aquisição de inseticidas para auxiliar no combate à proliferação dos mosquitos, entre outras medidas.
PREVENÇÃO – A febre Chikungunya é uma doença causada por vírus do gênero Alphavirus, transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o Aedes Aegypti (transmissor da dengue) e o Aedes Albopictus os principais vetores. Os sintomas da doença são febre alta, dor muscular e nas articulações, cefaleia e exantema e costumam durar de três a 10 dias. A letalidade da Chikungunya, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), é rara, sendo ainda menos frequente que nos casos de dengue.
Para evitar a transmissão do vírus, é fundamental que as pessoas reforcem as ações de eliminação dos criadouros dos mosquitos. As medidas são exatamente as mesmas para a prevenção da dengue.
DOENÇA NO MUNDO – De acordo com a OMS, desde 2004, o vírus havia sido identificado em 19 países. Porém, a partir do final de 2013, foi registrada transmissão autóctone (dentro do mesmo território) em vários países do Caribe Em março de 2014, na República Dominicana e Haiti, sendo que, até então, só África e Ásia tinham circulação do vírus.
Perguntas e respostas sobre chikungunya
Ouça áudio da coletiva transmitida pela Web Rádio Saúde
Lista dos municípios que realizaram o LIRAa
Casos de dengue registrados em 2013 e 2014
FONTE: Ministério da Saúde
http://www.saude.gov.br