No Hospital Estadual da Mãe, em Mesquita, 76% dos partos são normais
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda no máximo 30% de cesáreas em relação ao total de partos. Maternidade do Governo do Estado cumpre a meta
A dona de casa Andressa Miranda deu entrada no Hospital Estadual da Mãe de Mesquita (HEM) para dar à luz Bernardo, que nasceu no dia 21 de maio, pesando 2,8 kg, de parto normal. Ao contrário das estatísticas que colocam o Brasil na 2º posição do ranking mundial de realização de partos cesáreos em relação ao número de nascimentos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o procedimento é rotina na unidade, que é a principal referência no atendimento de gestantes e bebês de baixa complexidade na Baixada Fluminense. De janeiro a abril de 2014, o HEM realizou 2.202 partos, sendo 1.685 partos normais, ou seja, 76% do total.
– A justificativa para priorizar o parto normal é simples: os índices de complicações, como infecção e hemorragia, são menores; dor quase inexistente no pós-operatório; o risco de morte de mães e bebês é seis vezes menor; a redução no tempo de recuperação da mãe, permitindo que ela rapidamente tenha contato com o filho e comece a amamentar; e o tempo para a mãe retornar às atividades no partonormal é quase imediato e da cesárea é de, em média, 30 dias – explica o diretor do hospital, Sergio Teixeira.
A unidade foi planejada para oferecer o acompanhamento completo da mãe – do pré-natal ao parto e puerpério. Durante a gestação, as mulheres passam por consultas com os obstetras, realizam exames de imagem e laboratório, recebem orientação multidisciplinar de cuidados com o bebê e incentivo à amamentação. Alguns diferenciais criam condições para que se mantenha uma alta taxa de partos normais, como a técnica pioneira do uso de óxido nitroso para analgesia de parto. Muito usada na Inglaterra, a técnica anestésica traz grande conforto às mulheres durante o trabalho de parto.
Outro serviço de destaque é a fisioterapia durante o pré-natal, indicada para diminuir a dor e os problemas de circulação relacionados à gestação. As pacientes passam por uma avaliação de multiprofissionais e, quando há indicação, fazem exercícios de fisioterapia, pilates, respiração, massagens e são orientadas sobre os cuidados com as atividades diárias.
No momento em que está preste a dar à luz, a paciente já se encontra em um leito especial, desde o início do trabalho de parto, que se transforma em mesa cirúrgica para o parto normal, onde o acompanhante pode ver de perto a chegada do bebê. Antes, na fase de contrações, a mãe tem acesso a métodos que vão ajudá-la na hora do parto, como bola de fisioterapia, cavalinho, massagem e exercícios de respiração.
Acesso à informação – A utilização de todos esses recursos só é possível graças à implementação de uma cultura assistência humanizada, onde as gestantes contam com uma equipe de multiprofissionais como médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e fisioterapeutas e recebem informações sobre os tipos de parto e são, desta forma, incentivadas a realizar o parto normal, quando a mãe e o bebê têm condições para isso.
O pequeno Bernardo vem sendo amamentado desde a primeira hora de vida e a mamãe aproveita a rápida recuperação para ficar perto do filho.
– A equipe do hospital foi atenciosa e recebi informações sobre o parto. Quando as contrações aumentaram fiz massagem, exercício de respiração e no cavalinho, o que ajudou a acelerar o nascimento. Fico feliz por ter sido bem assistida e me sinto bem para cuidar do meu filho – destaca Andressa.
Fiocruz realiza estudo inédito sobre parto no Brasil – O número de cesáreas quase quadruplicou nas últimas quatro décadas, passando de 14,5%, nos anos 1970, para 52%, em 2010. Na rede privada, este índice é ainda maior: 88% do total de partos são cesáreas, enquanto que a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de até 30%. Os dados fazem parte da pesquisa Nascer no Brasil, divulgada no final de maio pela Fiocruz, com a análise de entrevistas de 23.894 mulheres em maternidades públicas e privadas de todo país. Os pesquisadores chamam a atenção para o enorme número de cirurgias feitas desnecessariamente e os riscos desta opção.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br