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Nota Oficial

CONTER lamenta morte de três pacientes no Hospital Vera Cruz, em Campinas, após a realização de exames de Ressonância Magnética e aguarda apuração dos fatos, para responsabilização dos culpados

Na noite da segunda-feira (28), o Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) teve conhecimento da morte de três pacientes no Hospital Vera Cruz, em Campinas, após a realização de exames de Ressonância Magnética.

As vítimas foram a administradora de empresas Mayra Cristina Augusto Monteiro, de 25 anos, que deixa um filho de 4 anos; o zelador Manuel Pereira de Souza, de 39 anos, que era casado e pai de uma filha de 6 anos; e o paciente Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos. Os três pacientes morreram cerca de 1h30 após o procedimento.

Outros 83 pacientes realizaram ressonâncias no mesmo dia. Eles foram contatados pelo hospital e informaram que estão bem.

Aos familiares, nossos sentimentos. Infelizmente, nenhuma ação que esteja ao nosso alcance trará de voltas os entes queridos que foram perdidos nesse fatídico episódio. Contudo, passada a tragédia, cabe apurar as circunstâncias do fato para a responsabilização dos culpados. 

Embora nossa área de atuação seja restrita à normatização e fiscalização do exercício profissional de quem trabalha na área das técnicas radiológicas, vamos contribuir como pudermos com as instituições do governo e agências reguladoras para a elucidação das mortes. Vale salientar que o caso também será investigado pelo 1° Distrito Policial da cidade.

De acordo com a direção do hospital, cerca de 1.800 ressonâncias são realizadas por mês, e nenhuma ocorrência deste tipo foi registrada na unidade nos últimos 20 anos. O hospital também informou que está colaborando com os órgãos competentes e prestará assistência aos familiares.

O diretor administrativo do hospital, Gustavo Sergio Carvalho, afirmou que o mais intrigante é que os exames não constataram nenhum tipo de problema em qualquer um dos três pacientes. Em entrevista coletiva na manhã de terça-feira (29), o hospital informou que as causas das mortes ainda são desconhecidas. A entidade de saúde aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML). Exames de sangue feitos nos três pacientes mortos indicaram uma alteração no fígado das vítimas. O resultado não é conclusivo.

Ontem (30), uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ligada ao Ministério da Saúde, iniciou o acompanhamento da investigação. Cinco técnicos especializados em epidemiologia se reúnem com a Vigilância em Saúde da cidade para trocar informações do que já foi coletado e analisado. Eles também farão uma vistoria nas instalações e estoque do hospital.

De acordo com informações preliminares apuradas pelo Conselho Regional de Técnicos em Radiologia de São Paulo (CRTR 5ª Região), o serviço de Ressonância Magnética do Hospital Vera Cruz é terceirizado para o Centro Radiológico de Campinas, empresa em que trabalham Biomédicos e Técnicos em Radiologia. Infelizmente, não conseguimos confirmar, até então, quais profissionais realizavam os exames no momento em que ocorreram as mortes. 

Para o CONTER, a maior probabilidade é que a causa das mortes seja toxicológica. Nesses casos, é mais provável a contaminação dos insumos ou dos equipamentos usados no procedimento do que falha humana. Entretanto, nenhuma linha de investigação pode ser descartada. Cautelarmente, o lote dos medicamentos relacionados do Hospital Vera Cruz foram interditados e não poderão ser usados até a elucidação do caso.

As fabricantes dos medicamentos suspeitos já fizeram comunicações oficiais à imprensa e à sociedade. A assessoria da Eurofarma Laboratórios informou que só se pronunciará sobre o assunto após ser notificada da interdição. A Bayer, em nota, disse que ainda não foi notificada oficialmente e que “está disposta a colaborar com as autoridades responsáveis pelas investigações, caso seja solicitada a prestar quaisquer esclarecimentos”. A Samtec informou que não foi notificada oficialmente, mas que também está à disposição para prestar possíveis esclarecimentos. As assessorias dos outros laboratórios não foram encontradas para comentar o assunto.

Por suposto, o CONTER lamenta que a Radiologia brasileira só ocupe lugar de destaque na mídia nacional em caso de desastres. Dificilmente, se vê um editorial de um grande meio de comunicação para informar e alertar à sociedade sobre os riscos decorrentes da radiação ionizante. No Brasil, se cultua a desinformação sobre o assunto.

Infelizmente, este não é um fato isolado. Por diversos motivos, várias pessoas morrem ou desenvolvem problemas de saúde por conta da exposição indiscriminada à radiação ionizante. Este problema nos serve para prestarmos atenção a outros tão quanto graves, em diversos setores da Radiologia. 

Certamente, se os meios de comunicação levassem ao conhecimento da sociedade assuntos relacionados à radioproteção e aos cuidados que as pessoas devem tomar ao se submeter a exames radiológicos, muitas mortes poderiam ser evitadas.

Da mesma forma, se os governos levassem em consideração a realidade dos serviços de Radiologia, atendessem a pauta de reivindicações dos trabalhadores dos setores de radiodiagnóstico e escutassem os anseios dos profissionais que estão na ponta da operação, os problemas graves poderiam ser evitados.

Respeitosamente,

Diretoria Executiva do CONTER

FONTE: CONTER