Número de queimados sobe quase 200% durante o Réveillon
Especialistas da Secretaria de Estado de Saúde alertam para os riscos do manuseio de fogos de artifícios e bombinhas nesse período
Os fogos de artifícios são uma das estrelas principais das festas de Ano Novo, colorindo o céu e atraindo a atenção de adultos e crianças. Porém, todo cuidado é pouco para que a alegria das confraternizações não termine antes da hora. De acordo com levantamento da Secretaria de Estado de Saúde, o mês de dezembro, por conta do Réveillon, é o período do ano com maior número de casos de queimados. Só em 2012, o fluxo para esse tipo de atendimento nas unidades de saúde foi de 463 pessoas nessa época, sendo 185% superior que nos meses anteriores. A maior parte delas provocadas por fogos de artifícios e bombinhas.
O cirurgião plástico Bruno Alves Costa, especialista no tratamento de queimados no Hospital Estadual Alberto Torres, alerta para alguns cuidados que podem evitar acidentes. Um deles é observar a origem dos fogos e não usar materiais de fabricação caseira. O médico indica ainda que fogos de artifícios só podem ser manuseados por adultos, seguindo as instruções do fabricante e nunca devem ser apontados na direção de outras pessoas ou fios elétricos.
“É preciso muito cuidado no momento de soltar fogos, porque o explosivo pode sair por baixo e causar ferimentos. De preferência, a pessoa deve juntar vários rojões usados ou mesmo varetas, para que fiquem afastados cerca de 60 cm da mão e do rosto”, explica.
O que fazer – O médico chama atenção para como deve ser o primeiro socorro ao queimado. Logo após o ferimento, a lesão deve ser lavada com água corrente, sem sabão, para esfriar o local e retirar as impurezas. Em seguida, o local deve ser coberto com pano limpo e úmido. Colocar gelo não é uma boa opção, já que a superfície fria queima a pele e pode piorar o estado do ferimento. Tampouco devem ser passadas substâncias como manteiga, pasta de dentes e óleo, pois podem romper a pele já fragilizada. Retirar a roupa colada à pele queimada ou estourar bolhas, também não. Desse modo seria rompida a barreira criada para proteger a pele, causando infecção. Em todo caso, o atendimento médico deve ser procurado o mais rápido possível.
Também especialista em queimaduras, o cirurgião plástico José Estevam chama atenção para o risco de pessoas alcoolizadas, que são mais frequentes no período de festas, manipulando explosivos. O coordenador do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Estadual Vereador Melchíades Calazans, em Nilópolis, explica que com o reflexo e o raciocínio afetados, as chances de acidentes e danos são maiores. Além disso, Estevam recomenda que as crianças também sejam mantidas à distância.
“As crianças pequenas devem brincar apenas com estalinhos, ainda assim, tendo um adulto por perto. Principalmente porque algumas não têm discernimento para avaliar o risco da situação, dependendo da idade, e podem se machucar com a brincadeira. Fogos de artifícios e crianças não combinam. As chances de terminar em acidente são grandes”, diz.
Graus de queimaduras – Acidentes com fogos de artifícios podem gerar diversos tipos de queimaduras, que variam do segundo ao terceiro grau. Se for um ferimento pequeno, é considerada queimadura leve. Nos outros casos, já é de gravidade moderada. É grave quando a queimadura de segundo grau atinge rosto, pescoço, tórax, mãos, pés, virilha e articulações ou uma área muito extensa do corpo. Quando atingem articulações como mãos, por exemplo, as áreas podem sofrer limitações de movimentos.
As de segundo grau podem atingir epiderme e derme, camada mais profunda da pele. O local fica vermelho, inchado e com bolhas. Há liberação de líquidos e a dor é intensa. Quando a queimadura é de terceiro grau o quadro é grave. Ela atinge todas as camadas da pele, podendo chegar aos músculos e ossos. Nesse caso, os nervos são destruídos e não há dor. Mas a vítima pode reclamar de dor devido a outras queimaduras, de primeiro e segundo grau. A aparência deste tipo de ferimento é escura (carbonizada) ou esbranquiçada. O tratamento para recuperação é cirúrgico, doloroso e pode levar anos, com uma série de intervenções cirúrgicas para tentar refazer as áreas lesionadas, através de cirurgias plásticas funcionais e estéticas.
Unidade de referência – O Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Estadual Vereador Melchíades Calazans, em Nilópolis, é uma das unidades de referência para pacientes graves que necessitam de tratamento especializado para queimaduras ou cirurgias reparadoras. O hospital dispõe de sete leitos e as internações são administradas pela Central de Regulação do Estado. Dependendo do grau e da extensão da queimadura, os curativos são realizados sob analgesia e podem levar, em média, 30 dias para cicatrizarem. Em alguns casos, a cirurgia de enxerto de pele também é necessária.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br