Por dentro da Radiologia Veterinária: mercado de trabalho e aplicações
Você sabia que ontem (14/03) foi o Dia Nacional dos Animais? Resolvemos celebrar a data ao escrever um pouco mais sobre a Radiologia Veterinária, uma vez que a habilidade de enxergar por dentro também pode ser utilizada para avaliar animais de pequeno, médio e grande porte. Os equipamentos tradicionais de raios X, a Tomografia Computadorizada (TC), a Ressonância Magnética (RM), a Ultrassonografia e a própria Medicina Nuclear também são ferramentas que estão à disposição desses profissionais no cuidado aos bichinhos. Sendo assim, como funciona a área? O que os profissionais das técnicas radiológicas podem esperar desse mercado de trabalho?
Para compreender melhor o assunto, conversamos com o técnico e tecnólogo em Radiologia, Lucivaldo Santos da Silva. Ele – que é fundador e diretor do Instituto Cimas de Ensino e atua no segmento veterinário desde 2004 – conta um pouco sobre a experiência neste ramo profissional.
O que o motivou a ingressar na área veterinária?
– Minha maior motivação foi mostrar que existe um novo mercado e que os profissionais das técnicas radiológicas podem sim atuar nessa área. Começou como um interesse em 2004 e hoje sou diretor de um curso na área. É importante que o profissional veja que a digitalização despontou como uma inovação surpreendente, pois tal instrumento possibilitou maior visibilidade às imagens radiográficas e qualidade para o serviço. Se a tecnologia avança, precisamos acompanhá-la e fornecer esse nosso serviço à sociedade com precisão.
Em sua opinião, o mercado de trabalho veterinário preza por seguir as medidas de radioproteção? O que pode ser feito para minimizar o risco de exposição à radiação, tanto dos animais quanto da equipe de trabalho?
– O mercado de trabalho ainda tem muito a evoluir, pois faltam orientações aos serviços de Radiologia Veterinária no país. É importante que os profissionais estejam cientes em seguir a legislação e as normativas da área. O uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), por exemplo, é de extrema importância para o resguardo dos bichinhos, dos donos e dos profissionais. Além disso, deve-se buscar conhecimento constante para técnicas de contenção, pois esse ponto é muito importante para evitar seguidas exposições.
Quais são os maiores desafios ao seguir a profissão radiológica na veterinária?
– Com toda certeza a formação é o maior desafio. Hoje, no Brasil, temos mais de 30 serviços de tomografias, quatro serviços de RM e inúmeros centros de diagnósticos e hospitais. Sendo assim, faltam profissionais preparados no segmento e um maior contingente de informações sobre a área. São poucas as instituições de ensino que contemplam em suas matrizes curriculares essa componente. O avanço desse tipo de serviço irá precisar de mão de obra especializada, e esses profissionais devem deter um conhecimento técnico apurado. A dica que deixo é para que os técnicos e tecnólogos aproveitem o momento aquecido desse mercado, pois, em 2015, o segmento veterinário cresceu 10% no Brasil. Atualmente, somos o segundo maior mercado no mundo.
Em alguns países europeus e nos Estados Unidos, o uso dessas modalidades (TC, RM e Medicina Nuclear) já é uma realidade. Elas oferecem aos pets qualidade nos diagnósticos e a possibilidade assertiva na busca por evidenciar uma patologia e, até mesmo, auxiliar no tratamento de uma determinada doença. Além disso, há também a alternativa da telerradiologia. Definida como “transmissão digital de imagens radiográficas, por meio das tecnologias de informação e de comunicação”, a telerradiologia tem o objetivo de permitir o diagnóstico a distância ou emitir uma segunda opinião especializada. Essa modalidade vem ganhando força e várias empresas já oferecem o serviço a clínicas, hospitais e centros de diagnósticos.
De um modo geral, como está a acessibilidade a esse mercado?
– Toda e qualquer acessibilidade depende do nível de formação que o profissional tem. Já cheguei a palestrar sobre o tema e defendo que podemos, sim, ter um profissional técnico operando os equipamentos em clinicas e hospitais veterinários. Há dez anos, nós ainda não contávamos com setores de TC e RM, sendo que a digitalização estava apenas no início. Com a especialização desses profissionais, o mercado pode abrir ainda mais portas. É preciso que esses técnicos e tecnólogos acompanhem os avanços da área.
Por fim, que conselho você daria para quem deseja trilhar o mesmo caminho na Radiologia?
– É importante que o técnico e o tecnólogo se lembrem: acreditar num mercado novo é ampliar suas chances de trabalhar com o que se gosta. Portanto, na área veterinária só trabalha quem gosta de animais. A partir do momento que trabalhamos com aquilo que gostamos, torna-se mais fácil e prazeroso. Não se esqueçam de que, para os proprietários, os animais são como filhos. Meu desejo é ver as salas de exame veterinárias sendo operadas exclusivamente por técnicos e tecnólogos em Radiologia.
Veja, a seguir, algumas das observações da nossa Classe sobre a área. Para ver mais comentários, clique aqui.
FONTE: CONTER
http://www.conter.gov.br