Primeiro dia do Instituto Estadual do Cérebro é marcado por alívio e esperança de pacientes
Consultas são encaminhadas pelos municípios através da Central Estadual de Regulação. A primeira cirurgia deve ser feita em 30 dias e a meta é chegar a 10 operações/dia
Qualidade de vida. Esse é o desejo do vendedor Eduardo Bezerra, de 38 anos, pai do pequeno Cauê Barbosa, de 8 anos, diagnosticado com síndrome de West, ou espasmos infantis, que pode se desenvolver no primeiro ano de vida da criança. No Caso do Cauê, a doença se manifestou aos 7 meses e, desde então, a família moradora de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, busca atendimento especializado para a criança. A inauguração do ambulatório do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer Filho nesta segunda-feira (24) foi vista com alívio e esperança pela família do menino, quarto a chegar à unidade para o atendimento.
– Acho que foi a melhor coisa que fizeram na saúde até hoje. Todo nosso esforço está sendo compensado com a inauguração desse hospital. Como pai, desejo que ele tenha qualidade de vida, e que possa comer e andar sozinho. O que não é possível hoje, devido às frequentes crises. Esse hospital é um sonho realizado e espero que possa ajudar não só o meu filho, como outras pessoas.
Com grande entusiasmo, o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho mostrou todas as instalações da unidade aos convidados – representantes de associações de pacientes com epilepsia e outras doenças de tratamento neurocirúrgico – e disse que esse projeto é a esperança de um atendimento diferenciado no Rio de Janeiro.
– Esse é um projeto pioneiro no Brasil e arrisco dizer que é a maior iniciativa dessa gestão do Estado do Rio de Janeiro. Há muitos centros no país, públicos e privados, dedicados ao coração, à ortopedia, ao câncer; mas esse é o primeiro dedicado exclusivamente ao cérebro. Hoje estamos começando a colocar o navio em movimento, iniciando pelo atendimento ambulatorial, teste dos equipamentos e, em 30 dias, faremos nossa primeira cirurgia. Nossa meta é 10 cirurgias por dia e 200 por mês, assim que estivermos em pleno funcionamento. E o que se encontra aqui, não está reunido em nenhuma outra unidade de saúde. É o estado da arte na neurocirurgia, o que fez que todos os melhores profissionais do Rio e até do resto do país pedissem para compor a nossa equipe – destaca Paulo Niemeyer Filho.
O novo centro contará ao final de todas as etapas com mais de 200 leitos entre internação, UTI e estabilização. Nesta primeira fase, já estão prontos para funcionar 44 leitos de terapia intensiva, três dos quatro centros cirúrgicos e nove salas de ambulatório. A previsão é que a sala híbrida – cirurgia e ressonância magnética integradas – já esteja pronta em novembro. O projeto recebe cerca de R$ 80 milhões em investimentos em obras e equipamentos, feitos integralmente pelo Governo do Estado.
O novo hospital também vai concentrar o tratamento de doenças do sistema nervoso central e periférico, como tumores e doenças vasculares e degenerativas. Serão quatro centros cirúrgicos, dos quais dois terão capacidade de realizar cirurgias neuronavegacionais, operação menos invasiva feita por computador e espaço de fisioterapia que reproduz uma residência para a readaptação dos pacientes após AVCs.
Atendimento referenciado – A nova unidade de saúde do Governo do Estado não terá atendimento de emergência, o serviço será integralmente referenciado pela Central Estadual de Regulação. Após o primeiro diagnóstico de necessidade de neurocirurgia, o paciente será encaminhado via Central para realização de consulta para avaliação de exames e risco cirúrgico. O modelo de agendamento de consulta é o mesmo já utilizado há um ano e meio no Rio Imagem – Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) do Governo do Rio. Cada município terá cota de consultas em um sistema online, de acordo com a sua população.
Segunda fase – Para otimizar o atendimento de vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e reduzir a possibilidade de sequelas, o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer está equipado com o que há de mais moderno no campo da neurocirurgia de alta complexidade, utilizando técnicas inéditas na rede pública. Com base no sucesso da experiência do Protocolo de Atendimento à Dor Torácica, implementado nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em agosto de 2008 – e que reduziu em 50% o número de óbitos por infarto no estado -, o modelo será reproduzido para o tratamento do AVC isquêmico.
A primeira providência a ser tomada quando surgem os sintomas iniciais do AVC é encaminhar o paciente para exame de tomografia, para identificar se o derrame é isquêmico ou hemorrágico. Na imensa maioria dos casos o AVC é do tipo isquêmico e a administração de trombolíticos no período de até 6 horas reduz drasticamente a chance de o paciente ter sequelas ou até mesmo morrer.
– O que vamos implementar já no início de 2014 é um atendimento diferenciado que começa no SAMU. Se há suspeita de AVC pelo relato do quadro do paciente, será enviada uma ambulância com equipe treinada para as primeiras abordagens. O paciente será levado diretamente para hospitais da rede ou UPAs distribuídas regionalmente que terão tomógrafos portáteis, que possibilitam a realização do exame direto na maca e envio do resultado para o especialista por telemedicina. Detectado o AVC isquêmico, o trombolítico será administrado pela equipe do SAMU que o encaminhará para o leito e acompanhamento no Instituto do Cérebro. Isso é totalmente inédito no Brasil e vai garantir que muitas vidas sejam salvas – destacou o secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes.
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Terceira fase – Um prédio de doze andares será erguido na área livre do terreno do Instituto Estadual do Cérebro, dedicado à ampliação da internação, pesquisa nas áreas de genética, de biologia molecular, de treinamento de microcirurgia, entre outras. Na cobertura deste anexo, será montada uma grande unidade de reabilitação com fisioterapia e treinamento de familiares e pacientes com sequelas provisórias e permanentes.
– Vamos ter também convênios com universidades para treinamento de cirurgiões. O hospital não vai ser só assistencial, por isso ele é chamado de Instituto do Cérebro. Vai ser um hospital de pesquisa, que vai envolver também ensino, com parcerias com as universidades, para formação de novos neurocirurgiões, especialidade com muita carência em todo país – complementa Paulo Niemeyer Filho.
Gestão – A administração da unidade seguirá o modelo de gestão compartilhada por Organizações Sociais (OSs) e o ambulatório será referenciado pela Central de Estadual de Regulação conforme o protocolo de perfil neurocirúrgico ou de epilepsia de difícil tratamento.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br