Programa SOS Reimplante realiza mais de 520 cirurgias
Projeto do Hospital Adão Pereira Nunes transplanta dedo do pé na mão
Três anos após um acidente de moto que amputou seu polegar esquerdo, o auxiliar de depósito Carlos Henrique Pacheco, de 33 anos, decidiu se submeter ao transplante de um dos dedos do pé na mão. A cirurgia aconteceu no sábado (17/1), e foi a 523ª realizada pelo programa SOS Reimplante, criado em 2008 no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, em Duque de Caxias, especializado neste tipo de procedimento. Quando o coordenador do projeto, o microcirurgião João Recalde, comunicou a Carlos Henrique a viabilidade da técnica, o paciente não acreditou. “Nunca tinha ouvido falar que era possível tirar um dedo do pé e reimplantar na mão. Fiquei de pensar sobre o assunto, me informei e descobri que podia dar certo”, disse o paciente.
Segundo Recalde, os índices internacionais de sucesso deste tipo de cirurgia giram em torno de 95%. “Temos uma demanda grande de pacientes do projeto que são elegíveis a esse procedimento, mas muitos ainda têm receio. Queremos, com essa primeira cirurgia, mostrar os resultados positivos e estimular que outros também façam”, explicou o médico, que acredita que em três meses e meio Carlos comece a apresentar os primeiros movimentos e sensibilidade no dedo operado.
De acordo com o médico, atualmente cerca de 50 pacientes do programa poderiam se beneficiar da técnica que deve ajudar na recuperação de movimentos básicos de pinça e manipulação fina de objetos, como segurar talheres e escrever. Segundo Recalde, 85% dos casos atendidos pelo programa são de acidentes com os dedos. Até agora, o projeto realizou 162 reimplantes, com taxa de 76% de sucesso.
“A técnica consistiu na retirada do segundo dedo do pé para reimplante na mão, religando artéria, veia, tendão e nervos. No mesmo dia da cirurgia, fizemos uma plástica no pé para que fique esteticamente aceitável. Os procedimentos foram um sucesso. Após a recuperação, além do retorno gradativo do movimento do dedo da mão, o paciente pode continuar fazendo tudo com o pé que foi operado”, afirmou o coordenador do programa.Após receber alta ontem, Carlos está otimista e acredita que o procedimento vai ajudá-lo a superar dificuldades do dia a dia.
“Perdi parte da mobilidade e tem sido difícil fazer tarefas básicas como escovar os dentes. Estou confiante de que vou voltar a ter uma vida normal. Agora é vida nova”, disse Carlos.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br