Saiba como está sendo a participação do Governo do Estado na Saúde da Copa do Mundo
ENTREVISTA: Subsecretária de Vigilância em Saúde, Hellen Miyamoto, revela detalhes de como funcionará a rede pública de saúde durante o evento e qual será seu legado para a população
Todos a postos na área de saúde para o início da Copa do Mundo. O planejamento da rede pública do Rio de Janeiro já vem sendo feito há anos por representantes das três esferas de governo e o Comitê local, e teve como reforço um estudo realizado pela subsecretária de Vigilância em Saúde do Estado, Hellen Miyamoto, a partir de sua experiência como observadora das Olimpíadas de Londres (2012). Desde então, Hellen vem atuando no Comitê Nacional e Local para Copa do Mundo e dos Jogos Olimpíada de 2016.
Segundo a subsecretária, a experiência do Rio de Janeiro na realização de grandes eventos colocou a cidade em vantagem.
– Existe um esquema especial de atendimento no Maracanã durante a Copa?
HELLEN MIYAMOTO: Todo o atendimento dentro do estádio é de responsabilidade do COL-FIFA. Os casos que necessitem de transferência serão encaminhados para toda a rede de urgência e emergência do estado. Existe ainda um plano de contingência no caso de incidente com múltiplas vítimas, articulando conjuntamente com a Secretaria de Estado e Municipal de Saúde, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Estado de Defesa Civil e Ministério da Defesa.
– Quais serão as unidades de referência para o atendimento à população?
HELLEN MIYAMOTO: A primeira referência para atendimento são as unidades mais próximas ao estádio, no caso o Hospital Municipal Souza Aguiar, a Coordenações de Emergência Regional (CER) do Centro e a UPA da Tijuca. Dependendo do número de vítimas, toda a rede de saúde localizada no estado do Rio de Janeiro poderá ser acionada.
– Com a chegada de turistas de vários locais do mundo gera-se a preocupação com a possibilidade de transmissão de doenças que não são comuns no país. Haverá alguma ação de preventiva?
HELLEN MIYAMOTO: Esse trabalho é tão importante quanto o atendimento hospitalar. Foram realizadas ações na área de Vigilância, de atuação em hotéis, na imunização da população e no controle de alimentos, vetores e zoonoses. Para integrar todas as ações, foi criado um Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde (CIOCS), que vai monitorar os atendimentos nas unidades de urgência e emergência.
– Como foi o planejamento na área da saúde para a Copa? E o que vem sendo feito para as Olimpíadas?
HELLEN MIYAMOTO: Para a Copa do Mundo de 2014, foi organizada uma Câmara Temática de Saúde nacional, com representantes de todas as esferas de governo, e outra local, composta pelas Secretaria de Estado de Saúde, Secretaria de Estado de Defesa Civil, Secretaria Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Defesa Civil, além do comitê organizador local (FIFA). Ao comitê cabe a responsabilidade da montagem de toda estrutura de atendimento no Maracanã (postos médicos e ambulâncias). Aos representantes governamentais, a definição das normas e das quantidades de cada equipamento e insumo e suporte de retaguarda (central de regulação, hospitais de referência) e o planejamento estratégico de Saúde e de Defesa Civil. Na área de saúde, há duas linhas de atuação: 1. assistência (unidades de saúde); 2. vigilância (preparo de hotéis, rede de alimentação, ações de imunização e controle de vetores e zoonoses). Para as Olimpíadas de 2016, há um grupo de trabalho que também está fazendo reuniões periódicas com o Comitê Olímpico local Rio 2016, repassando todos os compromissos assumidos pelo governo brasileiro para a realização dos Jogos e definindo as estratégias e cronogramas de implantação até a data do evento. Fazem parte dessas discussões representantes do Comitê Olímpico, Autoridade Pública Olímpica, Empresa Olímpica, secretarias de Estado de Saúde e de Defesa Civil, Escritório de Gerenciamento de Projetos da Casa Civil do Governo do Estado e Secretaria Municipal de Saúde.
– Há alguma norma, decreto ou resolução que determinem as regras para este planejamento?
HELLEN MIYAMOTO: Sim. Em 2008 foi criada a resolução 80, que definiu as Normas Gerais de Ação para a Análise do Projeto de Atendimento Médico e demais procedimentos para a realização de eventos especiais.
– De que forma o Estado está se preparando para atender ao possível aumento de demanda sem prejudicar o atendimento às emergências cotidianas?
HELLEN MIYAMOTO: O Rio de Janeiro já tem larga experiência na realização de grandes eventos, e tem sido referência para as demais cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Todo o planejamento está sendo feito para que 98% dos casos sejam resolvidos no local de atendimento, sem necessidade de remoção do paciente. O Governo do Estado ainda construiu um Centro de Trauma, instalado na Região Metropolitana. Com tecnologia de ponta em salas inteligentes, ele está no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, e já funciona desde 2013.
– Há treinamento especial para os profissionais?
HELLEN MIYAMOTO: Sim. Há vários tipos de programas de qualificação sendo executados, como de atualização dos protocolos de atendimento de emergência e um curso de manejo de eventos de Defesa Química, Biológica, Nuclear e Radiológica (QBNR). A Secretaria de Estado de Saúde (SES) também fez uma parceria com a Universidade de Maryland – Shock Trauma Center e a Universidade de Miami para realizar aqui uma capacitação coordenada pelos profissionais de saúde do Ryder Trauma Center, um dos mais conceituados dos Estados Unidos. O curso foi voltado para o aprendizado de normas, protocolos e diretrizes para o atendimento de eventos com múltiplas vítimas. Este treinamento foi muito importante entre os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016.
– Quais serão os legados na rede estadual de saúde?
HELLEN MIYAMOTO: Há vários legados para a saúde pública. A própria capacitação dos médicos e enfermeiros é um deles. Os planos e rotinas serão aplicados antes, durante e depois dos eventos esportivos. Os Centros de Trauma dos hospitais Alberto Torres e do Adão Pereira Nunes. Além disso, cada cidade-sede da Copa do Mundo tem, por exemplo, que escolher uma marca a ser trabalhada. O Rio de Janeiro elegeu: “Copa livre do tabaco”. A intenção é criar ações de conscientização de médio e longo prazo para reduzir o consumo de nicotina da população. O esporte tem tudo a ver com comportamentos saudáveis e ambientes livres de tabaco.
FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br