Saiba como os smartphones e as redes Wi-Fi podem prejudicar sua saúde
Atualmente, encontrar alguém que não utilize o telefone celular ou a internet via Wi-Fi (pelo menos uma vez por dia) é algo raro. Seja no ambiente de trabalho ou em casa, as tecnologias de interação dos smartphones revolucionaram as formas de comunicação social e de mercado. As ligações telefônicas e a utilização da web, graças aos campos eletromagnéticos, se tornaram indispensáveis numa sociedade que preza pela praticidade em suas tarefas. Entretanto, são vários os estudiosos que se preocupam e analisam como o uso dessas ferramentas pode afetar a saúde das pessoas.
Irritabilidade, insônia e até mesmo risco de tumor cerebral são alguns dos fatores mencionados em pesquisas em todo o mundo. A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a aparição de câncer tem grandes chances de estar relacionada com o uso exagerado do celular. Isso porque, quando estamos no telefone por muito tempo, a orelha começa a esquentar. Trata-se exatamente da radiação eletromagnética em ação no corpo humano.
Já em relação às redes Wi-FI, a Agência de Proteção Sanitária da Grã Bretanha realizou estudo, em 2007, no qual constatou que a radiação de micro-ondas na gama de frequência do Wi-Fi é capaz de causar alterações de comportamento. Além disso, é responsável por alterar as funções cognitivas, ativar a resposta ao estresse e interferir nas ondas cerebrais.
Entretanto, todos esses estudos são considerados primários. De acordo com a doutora e otorrinolaringologista Aracy Balbani, “é muito difícil comparar a exposição à radiação nas pessoas com e sem tumor intracraniano. Vários indivíduos, por exemplo, trocam várias vezes de aparelho celular e, com isso, se perde o registro de quantas horas o aparelho foi usado em chamadas de voz cumulativamente durante a vida”, justifica.
Estudos contrários e posicionamento da ANATEL
Em 2008, o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) divulgou artigo referente ao telefone celular e suas associações com dores de cabeça por parte de quem o utilizava. A explicação é contrária às pesquisas anteriores, sob a justificativa de que a visão pessimista (de que alguma coisa pode nos fazer mal) também pode provocar efeitos negativos. A isso é chamado de efeito nocebo.
Sobre o tema a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) defende que os procedimentos e padrões de segurança são seguidos à risca. Em outras palavras, todos os aparelhos celulares que são homologados pela agência e comercializados no Brasil atendem aos limites de exposição do usuário a campos eletromagnéticos de radiofrequência, estabelecidos por regulamentação. Além disso, as empresas fabricantes de aparelhos telefônicos e as instituições que regulam a dosagem de radiofrequência alegam que seguem os padrões da OMS e da Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP) à risca.
A Anatel afirma ainda que os celulares são ensaiados em laboratório para medição da Taxa de Absorção Específica (SAR) transmitindo com a potência máxima, ou seja, mesmo que o aparelho busque sinal ou esteja com pouca bateria (momento em que emite maior radiação), ele continua nos padrões de segurança à saúde.
Orientações e prevenção
Diante das incertezas e de pesquisas primárias, a doutora Aracy Balbani alega que essa base já permite concluir que o excesso leva a riscos desnecessários. “Enquanto as pesquisas ainda não são conclusivas, o ideal é que se faça uso racional da tecnologia e que as possibilidades não sejam subestimadas”, explica a especialista. Confira as sugestões abaixo:
> Usar o telefone em áreas com boa recepção também diminui a exposição, pois permite que o telefone transmita a radiação eletromagnética com menor potência;
> “Aos cinco anos, muitas crianças já têm o próprio aparelho. Se a radiação do celular realmente influenciar no aparecimento de tumores cerebrais, quanto mais precoce for o uso do celular, maior poderá ser o risco de tumores. Sendo assim, é melhor evitar que os pequenos tenham acesso ao aparelho”, explica a especialista;
> Uma reeducação simples do uso do aparelho pode evitar problemas maiores. Para diminuir os riscos, recomenda-se atender ao telefone com a máxima distância possível da cabeça, evitar ligações demoradas, utilizar fones de ouvido e usar dispositivos que permitam fazer uso da tecnologia com a menor exposição possível.
Saiba mais
– Entrevista com a epidemologista norte-americana Devra Davis sobre as consequências da radiação do aparelho celular. “O crânio das crianças é mais fino, seus cérebros estão se desenvolvendo. A radiação do celular penetra duas vezes mais. E a medula óssea de uma criança absorve dez vezes mais radiação das micro-ondas do celular”.
– O estudo Interphone, realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e publicado na International Journal of Epidemiology, apesar de não fornecer provas conclusivas, levanta suspeitas sobre o risco de tumor cerebral em decorrência do uso de telefone celular. Em uma revisão realizada em junho de 2010, o estudo assegura que para cada 100 horas de uso de celular, o risco de meningioma (tumor cerebral) aumenta em 26%.
– De acordo com uma publicação no jornal britânico Occupational & Enviromental Medicine, os pesquisadores da Universidade de Bordeaux, na França, chegaram à conclusão de que o surgimento de gliomas (tipo de tumor maligno nas células gliais, que protegem, nutrem e dão suporte aos neurônios) está relacionado com o uso excessivo do aparelho celular.
FONTE: CONTER
http://www.conter.gov.br