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Secretaria de Estado de Saúde apresenta plano de ação contra Tuberculose e AIDS

Estado do Rio de Janeiro apresenta hoje a maior incidência de Tuberculose do país. Cerca de 40% das mortes por AIDS poderiam ser evitadas com diagnóstico precoce

Doenças de contaminação e tratamentos distintos, a tuberculose e a AIDS andam mais juntas do que se imagina. As duas apresentam um cenário preocupante no estado do Rio de Janeiro e levam vítimas a dividir o estigma e o preconceito. Ao contrário do que muita gente pensa, a tuberculose não é uma doença do passado e ainda mata, todos os anos, cerca de 800 pessoas só no estado do Rio de janeiro. A AIDS, apesar ter tratamento, não tem cura, e atinge a cada ano mais e mais jovens em todo o país. Cerca de 40% das mortes causadas pela doença poderiam ser evitadas se o diagnóstico fosse mais precoce.

– Hoje é um dia histórico. O Governo do Rio tem feito um esforço para enfrentar as ações de saúde no estado, que vem mudando a face da saúde com soluções criativas – lembrou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.

Em maio, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro pactuou com as Secretarias Municipais de Saúde um plano de ação contra as doenças a fim de capacitar profissionais de saúde, aumentar o diagnóstico precoce e melhorar índices de cura, no caso da tuberculose, e de pacientes bem adaptados ao tratamento, no caso dos portadores de HIV.

– Essa pactuação é muito importante e fruto de intenso trabalho dos diversos atores sociais – Governo do Estado, municípios e ONGs – e vai produzir um grande avanço no enfrentamento do cenário de tuberculose e AIDS no Rio de Janeiro. Mas tamanho esforço só garantirá resultado se ao sairmos daqui, tudo acordado seja implementado pelos municípios. Vamos à tomada de atitude para reverter esse quadro – ressaltou Roberto Pereira, coordenador do Fórum ONG TB-RJ.

Entre as ações municipais estão o prazo de 15 dias para resultado dos exames de HIV e, consultas em até sete dias para pacientes com resultado positivo da doença. No âmbito estadual, o Governo do Rio vai ampliar acesso a ambulatórios para tratamento da AIDS e reformar o Hospital Estadual Santa Maria e o Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras, ambos referências no atendimento de pacientes com tuberculose. Este último, também será referência para internação e atendimento ambulatorial de AIDS. As unidades ganharão leitos de UTI, passarão a realizar cirurgias torácicas e terão triplicados os leitos para pacientes com Tuberculose Multirresistente

– Por décadas, o Rio de Janeiro não deu atenção ao problema da tuberculose e AIDS. Garantimos que tudo que está sendo pactuado aqui será cumprido. Vamos reformar os hospitais estaduais Ary Parreiras e Santa Maria, para se tornarem referências no que há de mais moderno no tratamento de tuberculose e AIDS. Mas nada adiantará abrirmos leitos se não forem feitos investimentos na atenção básica – frisou o secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes.

Tuberculose – números

O estado do Rio de Janeiro apresenta hoje a maior incidência de tuberculose do país. De acordo com dados preliminares, o estado registrou 14.039 casos da doença em 2012 — em torno de 15% do total. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o 17º país com maior incidência de tuberculose entre os 22 de alta carga.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, para considerar a tuberculose uma doença sob controle, a taxa de incidência não deve ultrapassar cinco casos em cada 100 mil habitantes — atualmente, em todo o estado, a taxa é de 68,7 para cada 100 mil habitantes*.

 

Município

 

Número de casos*

Taxa de incidência por
100 mil habitantes*
Rio de Janeiro 7.433 91,2
Duque de Caxias 977 81,9
Nova Iguaçu 729 75
São Gonçalo 680 49,1
São João de Meriti 531 93

* Dados preliminares de 2012

Das notificações realizadas no estado do Rio (14.039) em 2012, 11.149 ou 79, 41% se referem a casos novos da doença. Rio também concentra a maior parte dos casos em pacientes que apresentam resistência à medicação usada no tratamento. Entre os 14.039 casos de tuberculose estado, 954 se referem a pacientes que retomaram o tratamento depois de abandoná-lo. De 2009 a dezembro de 2012, 33 municípios fluminenses diagnosticaram 551 pacientes resistentes.

Não por acaso que o estado é o que apresenta as maiores taxas de incidência da doença. Segundo o censo de 2010 realizado pelo IBGE, o RJ concentra 96% de sua população em áreas urbanas e tem densidade demográfica de 368 habitantes por km², quando no Brasil a média é de 22,4 habitantes por km².

Tuberculose – sintomas e tratamento

Doença associada aos centros urbanos, a Tuberculose se relaciona à geografia e às condições de vida das cidades. O adensamento populacional e fatores relacionados à infraestrutura tornam os habitantes dos grandes centros urbanos mais vulneráveis à doença. O principal sintoma da tuberculose é a tosse, com ou sem catarro, por mais de três semanas. Quem apresenta esse quadro deve procurar uma unidade de saúde para fazer o diagnóstico. O tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS.

Deixar o atual quadro para trás depende de fatores sociais e da qualidade do atendimento na rede de atenção básica. A SES orienta o trabalho realizado nos municípios pelo Programa de Controle da Tuberculose. Há pacientes que entram para o cadastro do Bolsa Família, recebem cestas básicas do município e ganham café da manhã e almoço no restaurante popular local. O Governo do Estado concede Vale Social para que os pacientes obtenham gratuidade na rede de transportes e não tenham motivos para deixar de ir à unidade de saúde se tratar.

HIV / AIDS – números

Entre os pacientes soropositivos, a prevalência de tuberculose é de 15%. A doença respiratória já é a principal causa de 20% das mortes em pacientes portadores de HIV em todo o país, segundo o Ministério da Saúde.

Ainda de acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que o Brasil tenha atualmente mais de 655 mil pessoas vivendo com HIV/AIDS. No estado do Rio de Janeiro, foram registrados 92.178 casos de AIDS, no período entre 2000 e 2012.

Em todo o estado, 30% das gestantes com a doença não usaram antirretrovirais no parto, o que poderia evitar a contaminação vertical, e 24% só souberam que eram soropositivas durante a gestação. Para incentivar a realização de exames, a Secretaria de Estado de Saúde, em parceria com a Associação Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (EPAH) – instituição financiada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) – criou o programa Quero Fazer. O projeto leva uma unidade móvel com testes rápidos contra AIDS a locais públicos e os exames ficam prontos na hora.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro
http://www.saude.rj.gov.br